O Monsoon tem pressa. Fundado em outubro de 2021, o clube da zona sul de Porto Alegre é um case de sucesso nos gramados do Rio Grande do Sul. O time conquistou o acesso da Terceirona para a Divisão de Acesso no ano passado. Em 2023, em sua segunda temporada desde a criação, caminha a passos largos rumo à elite do futebol gaúcho. Essa é a grande meta traçada pelo clube. Um resultado que não se vê apenas no nível profissional. A equipe sub-20 está nas semifinais do Gauchão da categoria. Se superar o Juventude, estará na Copa São Paulo do ano que vem e na decisão do campeonato.
O time trocou de técnico para 2023. Com a saída de Cristian de Souza, o clube promoveu Márcio Ebert das categorias de base para assumir a equipe profissional. A única derrota ocorreu após o título da Segunda Divisão. Perdeu para o Guarani-VA por 2 a 1, na estreia da Copa FGF de 2022.
Neste ano, na Divisão de Acesso (chamada de Série A-2 pela Federação Gaúcha), o clube faz uma campanha quase perfeita. São nove vitórias e dois empates em 11 rodadas. O time conseguiu classificação à próxima fase com quatro rodadas de antecedência. A equipe tem a melhor defesa, apenas cinco gols sofridos, e o segundo melhor ataque (15 gols marcados).
O time base tem Gabriel Oliveira; Cleiton, Wager e Jessé; João Vitor, Gabriel Soares, Marlon Bica e Julinho; Tcharles, Alex Gonçalves e Victor Medeiros. Marlon Bica, ex-Inter, e Vidimar, com passagem pela base do Grêmio, são os nomes mais conhecidos. Mas o atacante Tcharles também é figura de destaque no futebol gaúcho. Em relação a 2022, ocorreu uma reformulação feita em parceria com a direção e o empresário Athan Maciel, agente credenciado pelo clube.
O time é financiado pelo Monsoon Venture Partners, um grupo que reúne empresários de Dubai (sede), dos Estados Unidos e da Índia. O modelo é o tradicional clube-empresa, com uma diretoria própria, sem a figura de um dono. A estratégia para se diferenciar dos demais na busca por um lugar na elite do futebol gaúcho é simples. O Monsoon oferece estrutura, condições de trabalho e segurança financeira aos jogadores. No mesmo terreno onde está o estádio, os atletas contam com um espaço com academia, refeitório e seis campos para treinamentos. Cinco refeições são oferecidas ao dia, e todas de qualidade elogiada pelos atletas. O salário também é pago rigorosamente em dia.
A pressa em alcançar a primeira divisão do futebol gaúcho motiva o trabalho do clube. O Parque Lami vive uma rotina diária de canteiro de obras. Visitado pela reportagem de GZH no último dia 17, e mesmo sofrendo com os efeitos dos temporais de junho, a estrutura está muito acima da realidade da maioria dos clubes do Interior. Apesar de parte da construção não ser nova — os prédios e o estádio foram erguidos na época do Porto Alegre FC e ficaram ociosos por 10 anos —, as reformas deram a cara do Monsoon ao local.
— Viemos para fazer a diferença. Isso demanda investimento e organização — cita Paulo Marcelo Maros, gerente das obras.
Marcelo vive uma rotina agitada com tantas mudanças acontecendo na estrutura. Ele veio de Ijuí, no noroeste gaúcho, com a esposa, Daiane dos Santos, que também trabalha no projeto, e o filho João Pedro, que é volante da equipe sub-20. Os três moram na área dos alojamentos. Entre funcionários e atletas, o Monsoon conta com 101 pessoas empregadas. São entre 60 e 70 atletas alojados.
Jurandir da Silva, vice de futebol, cita que o clima criado no Parque Lami é o segredo de um clube que perdeu apenas uma vez nas 30 partidas que disputou profissionalmente até hoje. São 20 vitórias e nove empates e um acesso conquistado.
— Não é ser melhor ou pior. É fazermos o certo. Nosso clima é leve. Nossa gestão é o ponto principal — comentou.
Agora, após a estabilização do processo esportivo, o próximo passo é passar a revelar jogadores. É a forma de rentabilizar e dar retorno aos investidores. O sucesso da equipe sub-20 é o grande foco do futuro do clube. A classificação às semifinais no Gauchão Sub-20 mantém o sonho de conquistar um lugar na próxima Copa São Paulo. O nome de maior destaque é o centroavante Joesley, 19 anos. Com seis gols, o camisa 9 é um dos artilheiros do Gauchão e desperta o interesse de uma série de clubes. O telefone de Athan Maciel toca com frequência em busca de informações do destaque da competição. Após passagens pela base de Grêmio e Corinthians, o jovem comemora a oportunidade.
— É um clube que nos dá muita visibilidade. Montaram um projeto forte, é um chance de mostramos nosso futebol contra bons times. É isso que chama a atenção no projeto. Temos tudo que é necessário. Isso ajuda dentro de campo. Futebol de alto rendimento exige isso. Você precisa se alimentar bem, ter estrutura como uma academia e condições para treinar. Isso faz a diferença — disse.
O Estádio Parque Lami tem capacidade para receber cerca de 750 torcedores. A gestão do clube trabalha para viabilizar os pedidos feitos pela Brigada Militar e Corpo de Bombeiros e obter a autorização dos órgãos de segurança para receber público ainda nos jogos do mata-mata da Divisão de Acesso.
Se a vaga para o Gauchão 2023 se confirmar, o planejamento será traçado a partir da divulgação do regulamento. No cenário atual, o único impeditivo de sediar jogos no Parque Lami seria em uma eventual final contra Grêmio ou Inter. A FGF exigiu capacidade mínima exigida de 10 mil lugares em jogos envolvendo a dupla Gre-Nal nas decisões. Por ora, o próximo desafio do Monsoon é as quartas de final da Divisão de Acesso. O clube espera o final da fase classificatória para conhecer o adversário. Na situação atual, o rival seria o Pelotas.
Calendário do Monsson:
- 1/7 - Monsoon x Glória - 15h
- 8/7 - Gaúcho x Monsoon - 15h
- 16/7 - Monsoon x Brasil de Farroupilha - 15h