Enquanto Brasília debate a regulação das casas de apostas e a punição a grupos criminosos que manipulam resultados, uma voz uníssona ganhou corpo na Cúpula da Integridade Esportiva, que ocorreu nesta quinta-feira (11), na sede do Tribunal Superior do Trabalho.
Ex-lutador de taekwondo, medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e participante dos Jogos Olímpicos de 2004 e 2012, Diogo Silva foi convidado a palestrar na condição de assessor especial do Ministério do Esporte. Ele defendeu a não criminalização dos jogadores que tiveram seus nomes citados publicamente a partir da Operação Penalidade Máxima.
— Eles também são ameaçados, e a gente não sabe quem ameaça. Não sabemos que nível de perigo eles correm. Mesmo sendo culpados, a preservação da vida e da imagem deles é fundamental, porque eles têm direito a um julgamento, caso sejam culpados, e depois podem seguir suas vidas. Não pode ser um ex-presidiário e ter essa mancha para sempre. Todo cidadão tem direito à justiça, e o atleta também — pontuou ele, em entrevista exclusiva a GZH.
O discurso de Diogo Silva no evento, aliás, causou certo constrangimento quando foi feita uma cobrança pública pela ausência de outros atletas nos vários painéis, conduzidos por representantes do Governo Federal, de clubes e empresas, além de especialistas na área jurídica.
— Dentro deste ecossistema, o que falta é o atleta, que é a imagem que sai no jornal para o lado positivo e negativo. Para poder preservá-lo, temos de capacitá-lo. E a educação precisa chegar dentro da sua realidade — disse o ex-lutador.
Outra cobrança feita pelo atual assessor especial do Ministério do Esporte foi sobre a investigação tardia acerca da manipulação de resultados. Silva argumentou que, em se tratando de lutas, o mercado das apostas existe desde a Grécia Antiga, e recordou escândalos ocorridos envolvendo boxeadores nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
— Isso faz parte do mundo das lutas e precisa ter um olhar importante porque, durante os Jogos Olímpicos de 2016, isso aconteceu aqui na nossa casa e foram 16 atletas envolvidos, de nível internacional e olímpico. E o caso não tomou escala. Treze jogadores de futebol dá escala. Então, a gente demonstra que um grupo não é importante. Isso é tratar de futebol, e nós precisamos tratar do esporte — concluiu.