Um paratleta gaúcho conhecido por propor e cumprir desafios em apoio a ações solidárias está, agora, precisando de ajuda. Natural de Rio Grande, do sul do Estado, o ultramaratonista Vladmi dos Santos, tem deficiência visual, o que não o impediu de participar de provas em que percorreu centenas de quilômetros. No entanto, nos últimos meses, Vladmi descobriu uma doença que afeta também a sua audição.
O paratleta de 50 anos perdeu a visão aos 34 por conta de uma degeneração de retina. Com a deficiência, aprendeu a aguçar os demais sentidos para manter o alto nível de desempenho no esporte. Porém, na última semana, um áudio com a voz de Vladmi passou a circular nas redes sociais. Em sua fala, explica sobre a Síndrome de Menière, doença que causa crises semelhantes às de labirintite e, aos poucos, faz com que ele perca a audição.
— Depois de muitas crises, meu ouvido direito foi bem afetado e tenho uma surdez profunda, com apenas cerca de 8% de audição nele. Isso pra mim é nada. Tenho só um zumbido na minha cabeça. E, agora, está atingindo também o meu ouvido esquerdo — relata Vladmi.
Ele conta que, por estar apenas com um ouvido saudável, corre mais riscos ao caminhar pelas ruas e realizar tarefas do dia a dia. Além disso, começa a ter dificuldades na comunicação.
Na terça-feira (22), Vladmi embarcou rumo a São Paulo, onde vai passar por uma série de consultas com especialistas. Ele não tem plano de saúde, e como ainda não sabe que procedimento ou tratamento vai precisar, não imagina quanto deverá gastar, mas prevê valores muito altos.
Por esse motivo, desde que essa notícia viralizou, a comunidade de Rio Grande e região criou uma corrente do bem pra ajudar o paratleta. Para ele, esse momento foi emocionante e surpreendente.
— Eu não fazia ideia do carinho que as pessoas têm por mim. Eu tenho caminhado nas ruas e até durante as corridas as pessoas me param e me dão uma palavra de conforto, me abraçam. As pessoas se emocionam, choram junto comigo. Esse é o lado bom da coisa. Mais do que qualquer ajuda financeira, esse carinho me dá conforto e gera muita força e esperança — exalta Vladmi.
Grupos e entidades de Rio Grande passaram a se mobilizar pela causa do paratleta. Entre as mais recentes iniciativas, está uma campanha de troco solidário na rede de supermercados Guanabara, e um festival de paellas promovido pelo grupo Confraria Country, na praia do Cassino. A ideia é arrecadar fundos com essas ações.
Outra ideia surgiu também no Shopping Praça Rio Grande, local em que Vladmi costuma promover desafios, como quando ele permaneceu 12 horas seguidas correndo em uma esteira. A intenção agora é manter artistas da cidade fazendo apresentações durante as mesmas 12 horas e, claro, também captar recursos.
A assessoria de imprensa voluntária do paratleta divulgou informações para quem quiser ajudar com doações. Os dados estão disponíveis no perfil oficial dele no Instagram, clicando aqui.
Ansioso, mas cheio de esperança, Vladmi mostra não ter perdido a força. Mesmo com tantos desafios lançados nos últimos anos, o paratleta encara aquele que talvez seja o maior de todos até aqui. Mas, otimista, já planeja o próximo:
— Quando estiver recuperado, vamos lançar o maior desafio de todos. E vou estar aqui pra cumpri-lo em agradecimento a todos que estão me ajudando.
Conheça alguns desafios e marcas históricas de Vladmi
- Em 2014, o paratleta participou de uma ultramaratona de 260 quilômetros no Deserto do Saara
- No ano seguinte, conseguiu apoio de um patrocinador e correu quatro ultramaratonas
- Já em 2016, durante passagem da Tocha Olímpica pelo Rio Grande do Sul, foi um dos responsáveis por carregá-la no sul do Estado
- Em 2019, Vladmi bateu um recorde mundial ao percorrer 226 quilômetros na praia do Cassino sem o auxílio de guia e se orientando apenas pelo som do mar
- No ano passado, desceu e subiu 19 andares de escadas em um hotel de Rio Grande e garantiu novas marcas históricas: foi o paratleta com deficiência visual que desceu e subiu o maior número de escadas por 24h, o maior número de degraus percorridos nesse período e o maior número de andares subidos