Na manhã de 24 de dezembro, a cantora britânica Jessie J acordou sem audição no ouvido direito e "sem conseguir andar em linha reta", conforme relatou em suas redes sociais. Responsável por hits como Price Tag (com B.o.B), Domino, Flashlight e Bang Bang (com Ariana Grande e Nicki Minaj), os sintomas levaram-na à descoberta do diagnóstico de uma doença pouco conhecida: a Síndrome de Ménière.
A doença é caracterizada pelo aumento de pressão da chamada endolinfa, líquido existente no labirinto do ouvido interno. Geralmente, o quadro afeta apenas um ouvido, mas, em casos mais raros, pode atingir os dois.
Causas e sintomas
Considerada rara, a causa exata da Síndrome de Ménière ainda não é comprovada. Há indícios de que a incidência do distúrbio possa estar ligada a outros quadros de adoecimento, como diabetes, alterações da tireoide, hipertensão arterial e doenças autoimunes, além de traumas acústicos e processos infecciosos no geral.
A doença, que costuma ser diagnosticada em pessoas de 20 a 50 anos, causa sintomas como sensação de ouvido abafado — chamado pelos médicos de plenitude —, perda da audição, zumbidos no ouvido, crises de vertigem, náuseas e vômitos. No caso de Jessie J, além dos sintomas pontuais de vertigem e perda da audição, sentidos na véspera do Natal, havia sensação de pressão.
— Faz muito tempo que não canto, e quando canto muito alto parece que tem alguém querendo sair de dentro da minha orelha — disse a cantora.
Diagnóstico e tratamentos
De acordo com critérios estabelecidos pela Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, o diagnóstico da Síndrome de Ménière envolve exames audiométricos e entrevista (anamnese) com otorrinolaringologista. São considerados, para fins de diagnóstico, a incidência de duas ou mais crises de vertigem rotatória (sensação de estar tudo girando), com duração mínima de 20 minutos, diminuição da audição registrada pelo exame de audiometria e presença de zumbido ou pressão no ouvido.
Os tratamentos para a doença podem ser medicamentosos ou cirúrgicos. Via de regra, em um primeiro momento, são utilizados medicamentos tranquilizantes, antivertiginosos, depressores do labirinto ou diuréticos, a fim de controlar os sintomas e a pressão do líquido no labirinto do ouvido interno. O método cirúrgico só é utilizado em casos mais graves ou quando os medicamentos não surtirem efeito.
Caso não tratada, a tendência é de que o paciente que possui a Síndrome de Ménière sofra perda gradativa da audição ao longo dos anos. Além da adoção dos tratamentos convencionais, especialistas recomendam a adoção de uma dieta balanceada, prática de exercícios físicos e abandono de práticas como o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas.
Fontes: Celso Dall’Igna, médico otorrinolaringologista do Hospital Moinhos de Vento e professor da UFRGS, e Luis Carlos Saldanha, chefe do Serviço de Otorrino do Hospital Ernesto Dornelles.