O fruto nunca cai longe do pé. Quem nunca ouviu este ditado popular usado para explicar o sucesso de alguém que dá sequência a uma tradição familiar? No caso da família Friedrich, esta frase se encaixa para descrever os irmãos.
Nascidos em Candelária, na região central do Estado, os dois construíram carreiras diferentes. No futebol brasileiro, o conhecido é o irmão mais velho: Douglas Friedrich, atualmente no Juventude, mas com passagens por Avaí, Corinthians, Grêmio e Bahia. Mais jovem, Ricardo se formou nas categorias de base do Inter, mas atua há seis temporadas na Europa, tendo defendido o Rovaniemen Palloseura, da Finlândia, o Bodo/Glimt, da Noruega, e o Ankaragücü, da Turquia.
— Falar do meu irmão é sempre um motivo de muito orgulho. Nossa diferença de idade é de quase cinco anos. Ele é a razão pela qual eu escolhi ser goleiro. Isso eu não tenho dúvida. Meu pai não era muito envolvido com futebol, mas eu lembro que, durante a infância, ficava correndo atrás do meu irmão, desde cedo querendo ser goleiro. O fato de ele ter conseguido sair de casa fez com que eu buscasse isso o quanto antes. Não lembro de nenhum outro jogador ali de Candelária conseguir se tornar atleta profissional. Então, ele sempre foi uma inspiração para mim — revela ele.
Com o fim de seu vínculo com o clube turco, em maio, o goleiro de 28 anos retornou ao Brasil para passar um período próximo dos familiares, a quem não visitava desde o início da pandemia.
— Meu filho acabou de completar um ano de idade e, neste período que estive na Turquia por uma temporada e meia, não pude ter comigo a minha esposa, que na época estava grávida. Então, passei longe toda a gestação dela e os 11 primeiros meses do meu filho. Foi um período muito difícil, pois a saudade era muito grande, mas o desejo de fazer um grande trabalho e a responsabilidade de cumprir o contrato eram maiores. Então, quando meu vínculo encerrou, decidi tirar um período para passar com minha família e com meu filho que, até então, eu só tinha visto no parto — explica.
Apesar da saudade, Ricardo revela que não almeja retornar ao Brasil. Por aqui, sua maior experiência foi vivida no Ituano, onde integrou o elenco campeão paulista em 2014.
— Pelo motivo de eu ter sempre jogado profissionalmente fora, não sou tão conhecido aqui no Brasil. Aqui, eu seria conhecido como o irmão do Douglas. Até surgiram algumas sondagens, mas confesso que ainda não é minha prioridade voltar ao Brasil. Meu foco é retornar para o mercado onde já trabalhei, onde eu conheço, mas sem descartar a possibilidade de voltar ao Brasil, em uma situação específica, em um ambiente confortável, perto de casa, onde minha família também estivesse bem. Eles são a minha prioridade — projeta.
No entanto, há um ponto que mexe com sua cabeça: a possibilidade de entrar em campo ao lado do irmão.
—Quando ele retornou ao Rio Grande do Sul, fui até o aeroporto em Porto Alegre buscar ele de carro e levei até Caxias do Sul, para assinar o contrato. É um momento muito bom da nossa família poder reunir todos aqui. Sempre imaginávamos isso quando ele estava na Bahia e eu do outro lado do mundo, na Europa. A gente sempre brinca que vai chegar o momento em que vamos jogar juntos ou jogar um contra o outro. Temos este desejo. Com certeza, trabalhar com meu irmão ou jogar na mesma partida vai ser marcante — finaliza.