Aos poucos, gremistas e colorados vão se familiarizando com uma nova modalidade de esporte para torcer por seus times do coração: o Futebol 7. No último fim de semana, Grêmio e Inter estrearam com goleadas no Campeonato Gaúcho — o Tricolor aplicou expressivos 21 a 1 no Polar Júnior, enquanto o Colorado fez 4 a 1 no Racing. Diante destes placares expressivos e do envolvimento dos nomes dos clubes, GZH procurou entender como a Dupla entrou nestes projetos e como funcionam estes campeonatos.
Antes de mais nada é preciso citar o nome do local onde as partidas estão sendo disputadas: Complexo Esportivo Rodrigo Mendes. O torneio estadual ainda tem clubes se enfrentando nas cidades de Esteio, Carazinho e Caxias do Sul, mas em Porto Alegre a sede escolhida foi o empreendimento do ex-atacante do Grêmio, localizado no bairro Alto Petrópolis. O nome do ex-atleta não está vinculado ao esporte por acaso. Depois de ter servido à seleção brasileira de futebol 7, Rodrigo Mendes foi convidado para assumir a presidência da Federação Internacional de Futebol 7 (Fif7), em fevereiro deste ano.
— Encerrei minha carreira em 2011 e comecei a disputar a Liga Nacional de Futebol 7 pelo Grêmio. Em 2017, fui convidado para ser o embaixador da seleção no Peru, onde disputei a Copa América como jogador. A partir da construção do Centro Esportivo, que foi um projeto pensado exclusivamente para trazer grandes competições a Porto Alegre, pensando em estrutura a nível profissional, decidi investir pesado em um Complexo com uma qualidade melhor do que as condições que encontrei como atleta. No ano passado, fui escolhido para ser o presidente da Fif7, pela minha imagem e pelo meu processo de gestão — relata Rodrigo Mendes.
Assim, a Capital gaúcha entrou de vez no cenário da modalidade e, no início de dezembro, sediará também a Liga das Américas (competição equivalente a Libertadores), reunindo sete clubes: Maringá-PR, Metropolitano-SC, Coritiba, Chapecoense, Corinthians, Vasco e Grêmio. Aliás, aí reside o grande projeto tricolor, que usa desta vitrine continental para seduzir o ex-jogador de futsal Falcão.
— O Falcão está praticamente fechado. As chances de ele vir jogar conosco são muito grandes — resume José Cássio Soares Rodrigues, diretor de futebol 7 do Grêmio.
O dirigente, que atua também à frente das escolinhas do clube, foi incumbido de comandar o projeto encabeçado por Fernando Matos, que passou a ocupar o cargo de CEO. O empresário já tinha uma equipe, chamada BCF, que foi vice-campeã da última Copa do Brasil e, por isso, garantiu vaga para o torneio continental. O clube também disputará em novembro a Liga Fut7 Nacional (campeonato brasileiro).
— O Marco Bobsin (ex-vice presidente do Grêmio que morreu em julho) é quem estava conduzindo o processo. Em março, estava tudo pronto, quando teve a pandemia. O Fernando voltou a nos procurar e o presidente Romildo gostou do modelo da proposta, em que o Grêmio não tem nenhuma despesa. A empresa (BCF) organiza tudo e o Grêmio dá licenciamento para usar o seu nome, assim como são administradas as escolinhas. Por isso, entenderam que eu poderia ajudar. Claro que, pela peculiaridade de representar o nome do clube, montamos uma diretoria. Mas, com a seriedade que está sendo feito o projeto, com uma equipe profissional, uma comissão técnica capacitada, vamos evoluindo — explica Rodrigues.
O projeto é audacioso e, além de manter uma equipe com folha salarial em torno de R$ 100 mil, o investidor também contratou uma assessoria de comunicação, que ajuda a divulgar as informações sobre a equipe. Porém, no período em que ainda finalizava os trâmites legais, o Tricolor não conseguiu disputar a Taça Governador, em Esteio. Assim, viu o rival Inter ficar com o título.
— Fizemos três jogos antes da pandemia e a semifinal e final aconteceram depois. Foi ótimo. Voltamos a levantar uma taça — comenta Jocimar da Costa, coordenador do time colorado de futebol 7 e que também atua como goleiro da equipe.
Apesar de ter começado antes, ainda em 2012, o projeto colorado está alguns degraus abaixo do rival, conforme assume o próprio Jocimar.
— Quem iniciou o projeto foi o ex-jogador Caíco, que depois passou para o Claiton (ex-volante do Inter e atualmente treinador). Em 2017, quando assumi, fomos ao Beira-Rio para ver as possibilidades de fechar um trabalho com o clube. No início, treinávamos no Parque Gigante, mas agora, como está fechado, temos treinado em outros lugares. A gente sobrevive pelas próprias pernas, através de patrocinadores, mas com a autorização para usar o nome do clube. Hoje contamos no nosso time com ex-jogadores de futebol de campo. Temos também atletas que ainda participam como profissionais de equipes de futsal, mas a maioria de nós ainda tem um trabalho extra. A gente não consegue manter os salários para viver apenas disso. Nosso objetivo é a profissionalização — relata ele que, aos 37 anos, também já passou pelo futsal e futebol de areia.
Em busca desta mudança de patamar, a equipe colorada se filiou neste ano à franquia Futebol 7 Brasil, que organiza os torneios estadual, nacional e continental. Como estão em chaves diferentes no Campeonato Gaúcho (Grupos 8 e 10, respectivamente), colorados e gremistas ainda não têm um confronto agendado, com data marcada, para 2020. Porém, está mais do que claro que é apenas uma questão de tempo para que a rivalidade Gre-Nal seja experimentada também nas quadras de grama sintética.