A crise econômica que acompanha o avanço do coronavírus atingiu em cheio o esporte, com a paralisação das competições em todo o país desde o início da pandemia, em março. Os efeitos da covid-19 abalaram especialmente o futsal gaúcho, deixando dúvidas sobre o futuro da modalidade que gera em torno de 5 mil empregos diretos em todo o Rio Grande do Sul.
Diferentemente do futebol, em que as cotas de TV respondem pela maior parte da receita dos clubes do Gauchão, no futsal não há comercialização dos direitos de transmissão garantida. Dentro desse cenário, a bilheteria tem papel fundamental para cobrir as despesas. Sem perspectiva de públicos no ginásio até o final do ano, o cenário é desolador para os dirigentes.
Para as menores equipes, a renda dos jogos em seus ginásios chegam a garantir o pagamento de metade da folha salarial. Sem essa verba, a possibilidade de competir no segundo semestre pode se tornar um desafio insuperável. Há também as perdas de patrocinadores. A tradicional Associação Uruguaianense, de Uruguaiana, por exemplo, teve as verbas dos seus 10 apoiadores comerciais interrompidas por causa da pandemia.
— Outro grande apoiador é o município de Uruguaiana. E isso ocorre com muitas equipes. Muitos clubes recebem recursos do poder público. Será que vai ter dinheiro para o futsal com tantos problemas de saúde? — questiona o presidente do Conselho Gestor da Uruguaianense, Fábio Ciocca.
A Uruguaianense havia apresentado seu elenco para a temporada quando foi decretada a interrupção dos treinos. O clube conseguiu bancar uma ajuda de custo para os atletas no primeiro mês de paralisação, mas depois teve de suspender os contratos.
Em situação mais difícil que a Uruguaianense está a Alaf, de Lajeado. Sediando em uma das cidades mais afetadas pelo coronavírus no Estado, o clube, que nem sequer montou o elenco para esta temporada, foi informado pela prefeitura de que treinamentos não serão permitidos até setembro. Diretor de finanças da Alaf, Alexandre Heisler ainda não sabe se a equipe conseguirá disputar alguma competição em 2020.
— Jogar com portões fechados é inviável economicamente para nós, que dependemos muito de bilheteria e copa. Vamos tentar conversar com parceiros antigos, que já nos apoiaram no nosso projeto. Como o custo será menor que de uma temporada normal, com menos jogos, podemos conseguir uma receita que possa viabilizar. Hoje, ainda vivemos muitas incertezas — afirma Heisler.