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O futebol parou em tempos de coronavírus. E não foi só no profissional. As categorias de base da dupla Gre-Nal estão vazias. Nos alojamentos, onde vivem centenas de meninos que sonham jogar na Arena e no Beira-Rio lotados, há apenas quartos sem ninguém. A mesma medida foi tomada por Grêmio e Inter, que custearam as viagens de todos os jovens alojados em suas instalações para suas casas. A tarefa, porém, não foi tão simples.
Do lado do Grêmio, cerca de 100 atletas moram na chamada Residência Esportiva, localizada perto do CT Hélio Dourado, em Eldorado do Sul. Mais da metade deles não são gaúchos. A situação é parecida no Inter, em que 78 jovens jogadores vivem junto ao CT da base, a Morada dos Quero-Queros, em Alvorada. Da mesma forma, boa parte dos guris tem famílias em outros Estados ou até mesmo fora do país, caso dos argentinos Maximiliano Zalazar e Tomás Luján, recém-contratados pelo clube.
— Até domingo (15) não tínhamos nenhuma posição da CBF. Teríamos dois jogos no meio da semana, pela sub-20 e pela sub-17. Então, não podíamos liberá-los. Domingo, quando ficamos sabendo que as competições seriam suspensas, já começamos a discutir as medidas — conta Erasmo Damiani, gerente das categorias de base do Inter.
De ambos os lados, a logística foi complicada. Emitir passagens aéreas, comprar bilhetes de ônibus ou combinar com as famílias de tantos meninos o deslocamento para casa não foi fácil. Ainda mais, em tão pouco tempo e com algumas restrições de acesso a ônibus de outras localidades, por exemplo. Os meninos da base do Grêmio que são de Santa Catarina precisaram ser levados por um carro do clube para que pudessem encontrar seus familiares.
— Foram quase 60 bilhetes aéreos emitidos em dois dias, uma operação bem complexa. Em Santa Catarina, recebemos a informação de que não passava mais ônibus. Precisamos encher um carro com os meninos de lá e levá-los até Florianópolis, para que os pais buscassem. Foi uma tática de guerra, que só foi possível graças à estrutura que o clube nos oferece — destaca Paulo Farenzena, coordenador administrativo das categorias de base do Grêmio.
Até mesmo por ser um caso de saúde pública, os clubes de todo o país conversaram entre si para avaliar as medidas cabíveis em relação aos atletas, incluindo os de base. Cada um colocou como estava tratando o assunto e, assim, a dupla Gre-Nal definiu o planejamento.
— Eu e o Francesco (Barletta, coordenador da base do Grêmio) conversamos bastante. Se íamos parar, quando íamos parar, como poderíamos fazer, para termos uma linha muito parecida. Quase todos os clubes do Brasil seguiram essas mesmas orientações que nós, mandando os atletas para casa — garante Damiani.
Orientações
Antes de liberar os meninos para encontrarem seus familiares, os clubes conversaram com os atletas para passar as orientações para o período. No caso do Grêmio, os meninos ficarão em casa pelo menos até o dia 30 de março, quando será feita uma reavaliação, e no lado do Inter até depois da Páscoa, que será em 12 de abril.
— Na semana passada, já colocamos profissionais do Departamento Médico para dar palestra sobre os cuidados em relação ao coronavírus. Neste final de semana, quando foi determinado que todos iriam para casa, chamamos um por um para passar uma cartilha. Explicamos que não é um período de férias, mas, sim, de reclusão. Que o nosso objetivo é diminuir o contato com outras pessoas. Por isso, pedimos que eles não vão passear no shopping ou na praia e que sigam a cartilha — ressalta Farenzena.
Nesta lista de recomendações estão coisas como fazer exercícios dentro de casa (abdominais e treinos localizados), cuidar da alimentação e avisar em caso de qualquer sintoma suspeito seja do próprio atleta ou de algum familiar. Essas medidas relatadas pelo coordenador administrativo da base gremista são idênticas às da equipe colorada.
Por meio de grupos de WhatsApp com os coordenadores de cada categoria, além de técnicos e preparadores físicos, os jovens jogadores mantêm contato praticamente diário com os clubes. Assim, e com o monitoramento das redes sociais dos garotos, para saber se estão cumprindo com o que lhes foi pedido, é que a Dupla trabalha neste período de quarentena devido ao coronavírus.
— A rede social te ajuda para saber se está mesmo em casa, porque foi liberado para ir pra casa, não para ir para a rua. Não conseguimos quantificar quantos estão fazendo, vamos muito na confiança, apesar de tentarmos fazer esse controle conversando constantemente com eles, mas é impossível ter 100% de controle. Estamos tendo esse cuidado para evitar que eles retornem precisando aprimorar muito a parte física — explica o gerente da base colorada.
Sem a noção exata de quando o futebol será retomado, os clubes tentam de tudo para manter os atletas seguros e, aos menos em parte, bem condicionados. Ainda que o presidente do Inter, Marcelo Medeiros, um dos assessores adjuntos da presidência gremista nas categorias de base Eduardo Fernandes e o presidente gremista, Romildo Bolzan Júnior, tenham testado positivo para o coronavírus, nenhum atleta ou membro das comissões técnicas da Dupla teve a covid-19 confirmada. O certo, no entanto, é que quando as atividades retornarem precisará ser feita uma triagem para evitar a contaminação. Por ora, as palavras são: cuidado e prevenção. Que assim seja.