
A parada nos treinamentos provocada pela pandemia de coronavírus impôs um novo cenário na preparação física da dupla Gre-Nal. O principal desafio dos profissionais está na indefinição quanto ao tempo de paralisação dos campeonatos. Ainda que o Gauchão esteja suspenso por apenas 15 dias e a Conmebol estude retomar a Libertadores no começo de maio, o avanço dos casos de contaminação por covid-19 no Estado e no continente indica que o período sem jogos deverá ser superior a esses prazos iniciais.
Liberados das atividades nos centros de treinamento, os jogadores de Grêmio e Inter receberam orientações de atividades a serem feitas em suas casas. Os atletas gremistas deverão se apresentar no CT Luiz Carvalho na próxima terça-feira (24). A tendência é de que passem por avaliações e sejam liberados novamente.
— A orientação é fazer atividades físicas, como trabalho funcional, alongamentos, abdominais e musculação, sem grandes esforços físicos. Mais para a manutenção do condicionamento físico — explica o preparador físico gremista Márcio Meira.
Já o Inter parou suas atividades por tempo indeterminado. Os jogadores receberam um cronograma de treinamentos até domingo. Depois disso, os preparadores vão passar por vídeo uma nova série de treinos. Os trabalhos variam com exercícios aeróbicos em bicicleta, campo (dependendo do que cada um dispor de área para fazer, sem exposição), esteira e de força.
A projeção de especialistas é de que é possível manter os jogadores com boa condição física com a cartilha sendo seguida. O prejuízo técnico, no entanto, é inevitável. Ex-preparador da dupla Gre-Nal e atualmente no Bahia, Paulo Paixão ressalta que os atletas perderão o ritmo de treinamento com a falta de atividades técnicas e táticas.
— Pela integração que se trabalha nas comissões atualmente, as atividades técnicas e táticas ajudam muito na parte física. O atleta ficando somente em casa faz o físico, mas a perda é inevitável. Uma coisa é você treinar na integração física, técnica e tática. Outra é treinar apenas o físico — aponta Paixão.
No começo desta semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, projetou que o Brasil irá viver um "período de estresse pelos próximos 60 ou 90 dias" em razão do coronavírus. Se de fato a pandemia manter o futebol parado por esse tempo, os clubes deverão viver uma fase semelhante ao início da temporada no retorno aos treinamentos.
— Mesmo com os clubes organizando cartilhas de treinamentos, se demorar de 60 a 90 dias para voltar, haverá a necessidade de algo parecido com uma pré-temporada. Precisaríamos de 20 a 30 dias de treinamentos para os jogadores voltarem a ter um alto desempenho — observa Márcio Correa, ex-preparador físico do Grêmio e que atualmente trabalha no Oeste-SP.
Começo de temporada ajuda
Ainda que o começo da temporada tenha sido desgastante para a dupla Gre-Nal com o Inter disputando quatro jogos decisivos na pré-Libertadores e o Grêmio atuado com os titulares em quase todas as rodadas do Gauchão, o fato de os elencos ainda não terem atingido o ápice físico é um fator atenuante. A situação também é considerada favorável para os atletas que retornam de lesões.
— Ser início de temporada ajuda muito. Como ainda há um número baixo de jogos, você tem a oportunidade de dar continuidade aos trabalhos de força e aeróbico. Se você está no meio da temporada, quando os jogadores já estão em alta performance, o prejuízo é maior. Os clubes menores, que começaram a preparação para os estaduais em novembro ou dezembro, estão nessa situação. Eles estão parando no auge físico — aponta Paulo Paixão.