A Conmebol anunciará, nesta terça-feira (19), os critérios que classificarão os participantes sul-americanos para o novo modelo do Mundial de Clubes a partir de 2021. Com as mudanças no formato definidas pela Fifa, o Grêmio pode se fazer presente graças ao título da Libertadores de 2017. Será a terceira alteração no regulamento do torneio que, desde 1960, decreta anualmente o time de futebol campeão do mundo.
Ida e volta
Recentemente, o Palmeiras reivindicou para si títulos mundiais de 1951 e 1952, considerando a Copa Rio, disputada de junho a julho, em São Paulo e Rio de Janeiro, tendo oito participantes — entre o campeão paulista, carioca, francês, português, austríaco, uruguaio, entre outros. Depois, foi a vez de o Vasco fazer o mesmo por conta do Torneio Internacional de Paris, disputado entre os campeões da Espanha, França, Alemanha e Rio de Janeiro. Porém, o Mundial de Clubes como o conhecemos passou a ser disputado, de fato, somente em 1960 — ano de fundação da Libertadores.
Tendo sido o primeiro campeão sul-americano, o Peñarol enfrentou o Real Madrid (então vencedor dos primeiros cinco títulos europeus). Naquela ocasião, eram realizados dois jogos. No dia 3 de julho, no Estádio Centenário, em Montevidéu, empate em 0 a 0. Dois meses depois, no jogo da volta, no Santiago Bernabéu, em Madri, goleada espanhola por 5 a 1, com direito a dois gols do húngaro Puskás e um do argentino Di Stéfano. O campeão levava consigo um troféu que ostentava uma bola de ouro acima de um anel que apresentava o nome do torneio logo abaixo: Coupe Européenne-Sudamericaine (Copa Europeia-Sul-Americana, em francês).
Este formato durou até 1979, tendo o Santos de Pelé como único time brasileiro a vencer o torneio, em 1962 e 1963. Na última edição, inclusive, precisou de um terceiro jogo, em campo neutro, para superar o Milan. Os demais campeões foram Real Madrid (1960), Peñarol (1961 e 1966), Inter de Milão (1964 e 1965), Racing (1967), Estudiantes (1968), Milan (1969), Feyenoord (1970), Nacional (1971), Ajax (1972), Independiente (1973), Atlético de Madrid (1974), Bayern de Munique (1976), Boca Juniors (1977) e Olimpia (1979).
Jogo único
Em 1980, a fabricante de automóveis Toyota passou a patrocinar o evento e, com isso, levou o torneio para um jogo único em seu território: Tóquio, no Japão. A decisão também foi motivada pela reclamação dos europeus que, ressentidos com atos de violência vivenciados na Argentina, negavam-se a jogar na América. O mais emblemático ocorreu em 1969, quando um jogador do Milan (o argentino naturalizado francês Nestor Combín) teve o nariz fraturado no jogo contra o Estudiantes.
Em território japonês, foram realizados 25 finais entre europeus e sul-americanos. Ao vencedor, era entregue, além do velho troféu, uma nova taça oferecida pela patrocinadora: a Copa Toyota. Foi com elas duas que o Grêmio deu a volta olímpica em 1983, depois de vencer o Hamburgo. O Tricolor ainda voltaria ao mesmo estádio em 1995, onde acabaria derrotado nos pênaltis pelo Ajax.
Os campões neste formato foram Nacional-URU (1980 e 1988), Flamengo (1981), Peñarol (1982), Grêmio (1983), Independiente (1984), Juventus (1985 e 1996), River Plate (1986), Porto (1987), Milan (1989, 1990), Estrela Vermelha (1991), São Paulo (1992 e 1993), Vélez Sarsfield (1994), Borussia Dortmund (1997), Real Madrid (1998 e 2002), Manchester United (1999), Boca Juniors (2000 e 2003), Bayern de Munique (2001) e Porto (2004).
Minitorneio
Alheia à organização do torneio, a Fifa resolveu tomar as rédeas em 2000. Naquele ano, fez uma espécie de evento-teste com jogos no Morumbi, em São Paulo, e no Maracanã, no Rio de Janeiro. O torneio tinha oito participantes — os campeões de cada continente, mais o campeão do país-sede, que era o Corinthians. Desta forma, o clube paulista, sem ter conquistado a taça da Libertadores, sagrou-se campeão mundial vencendo na decisão o Vasco (convidado por causa do título sul-americano em 1998). Uma nova edição estava programada para 2001, na Espanha, mas foi cancelada em função dos problemas financeiros da ISL — empresa que bancava o torneio e também fazia investimentos em clubes, como no Grêmio.
O formato seria retomado cinco anos depois, sem o campeão do país-sede, voltando a ser sediado no Japão. No entanto, a cidade que recebeu a finalíssima foi Yokohama, e não mais Tóquio. O campeão foi o São Paulo. O mesmo aconteceu com o Inter que, em 2006, para se sagrar campeão mundial pela primeira vez, teve de fazer dois jogos: contra o Al-Ahly, campeão africano, e o Barcelona, campeão europeu.
Com sete participantes a partir de 2007 — incluído o campeão do país-sede —, o Mundial de Clubes ainda foi sediado por Marrocos e Emirados Árabes Unidos. Neste último país, Grêmio e Inter tentaram o bicampeonato, mas não obtiveram êxito.
Em 2010, os colorados foram superados ainda na semifinal pelo Mazembe, da República Democrática do Congo, e tiveram de se consolar com o terceiro lugar ao bater o Seongnam, da Coreia do Sul. Já os gremistas chegaram a passar pelos mexicanos do Pachuca, mas foram superados pelo Real Madrid, de Cristiano Ronaldo, em Abu Dhabi.
Neste último formato, foram campeões: Corinthians (2000 e 2012), São Paulo (2005), Inter (2006), Milan (2007), Manchester United (2008), Barcelona (2009, 2011 e 2015), Inter de Milão (2010), Bayern de Munique (2013) e Real Madrid (2014, 2016, 2017 e 2018).