A FIFA definiu a nova fórmula do Mundial de Clubes, a ser jogado a cada quatro anos a partir de 2021. E enquanto a Conmebol discute quais clubes irão representar a entidade - e a UEFA enfrenta rebeldia dos seus principais clubes - uma certeza surge no horizonte: com esse formato, nunca mais veremos um campeão de fora da Europa.
Isso porque a tendência é dos grandes clubes se tornarem cada vez mais super clubes, com elencos fortíssimos e muito superiores aos rivais dos seus próprios países. Quem dirá de países do terceiro mundo. Mesmo tendo jogos eliminatórios, onde nem sempre o melhor vence, os europeus levarão vantagem.
Na fórmula da FIFA, a Europa terá oito representantes no torneio (33%), o que indica grande chance de sempre termos uma final com dois times europeus. A não ser, claro, que a fórmula do torneio (ainda não definida) seja feita de uma forma que dois times do mesmo continente não possam se enfrentar na final.
A Associação de Clubes Europeus (ECA, na sigla em inglês) afirmou por meio de carta para a FIFA que vai boicotar o Mundial. A carta foi divulgada inicialmente pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung e está assinada por representantes de 15 dos maiores clubes da Europa, incluindo Juventus, Real Madrid, Ajax, PSG, Barcelona, Bayern de Munique, Manchester United e Benfica.
A única chance de um time da América do Sul voltar a ser campeão do mundo é esse boicote virar realidade. Uma coisa é enfrentar Real Madrid e Liverpool, outra enfrentar Getafe e Ludogerets. Mas a FIFA aceitaria um torneio sem os principais clubes do mundo?
Muita gente não consegue enxergar a diferença técnica, tática e física entre os grandes times europeus e os grandes sul-americanos. Há ainda, no inconsciente coletivo, aquela ideia de que na América do Sul temos grandes jogadores e times fortes e competitivos, como já tivemos no século XX.
Mas esquecem que já há algum tempo os nossos grandes jogadores atuam em clubes europeus, e eles saem daqui cada vez mais jovens. Se fosse a velha fórmula do torneio quando se chamava Intercontinental Toyota, um jogo apenas, teríamos chance. Mas em um torneio de grupos, com mais times europeus que sul-americanos, essas chances desaparecem.
A decisão já foi tomada. Para os clubes da Conmebol, vale a experiência, a projeção da marca e claro, os valores envolvidos que não devem ser pequenos. Mas título e glória esportiva, isso infelizmente, não nos pertence mais. Com o novo mundial da FIFA, só teremos a confirmação do abismo que há entre nossos clubes e os do velho continente. Nunca mais veremos um clube sul-americano campeão do mundo.