Há várias formas de se sair vitorioso de uma competição e deixar sua marca na história do esporte. Em dezembro, tivemos duas decisões importantes que servem de reflexão. De um lado, a decisão da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate. De outro, a final da Liga Nacional de futsal, entre Atlântico e Pato.
Eu estava em São Marcos, em um almoço com mais de 30 pessoas, assistindo pela televisão à final do futsal. Um sentimento que despertou em vários espectadores era a cera protagonizada pelo goleiro Djony, da equipe do Pato, sempre que seu time estava em vantagem no marcador. As pessoas que assistiam não eram torcedoras de uma ou de outra equipe. Queriam apenas ver um belo espetáculo de futsal. E tiveram uma impressão negativa do jogador, que, quando a sua equipe estava atrás no placar, jogava com uma intensidade enorme, sem ter nenhuma dor. Mas, quando estava na frente, mudava o comportamento, atirando-se ao chão com dores, com a provável intenção de esfriar o jogo.
Um dos presentes fez questão de destacar que o goleiro do Atlântico, Careca, não havia simulado nenhuma ação parecida no decorrer do jogo, sobretudo quando sua equipe estava com o placar favorável ao título.
O River também usou de recursos duvidosos na utilização do seu técnico, suspenso, na condução da equipe contra o Grêmio, na semifinal da Libertadores. Sua torcida, ao apedrejar o ônibus do Boca, antes da final, foi um espelho dos atos da direção do clube em ganhar a qualquer custo, seja através das artimanhas ou do uso da força para intimidação. A história vai marcar a conquista. River e Pato estão nos registros como campeões da Libertadores e da Liga Nacional, respectivamente — mas a que custo?
Para muitos, o River ficou com um título manchado pelas trapalhadas da Conmebol. Será que a imagem do clube não ficará como a do Corinthians no Brasileirão de 2005? Será que a imagem do atleta do Pato não terá uma mancha entre os apaixonados pelo esporte no Brasil? Só o tempo poderá dizer. E somente os próprios atores poderão responder a si mesmos sobre as perdas e ganhos que obtiveram com tais situações.
Sempre que possível, combinar o espírito esportivo com títulos é melhor. Mas se tivesse de escolher um dos dois, sem sombra de dúvidas, o espirito esportivo estaria em prioridade. As pessoas querem assistir espetáculos. E esse espírito esportivo é um dos fatores que faz um jogo virar um espetáculo. Não tenho dúvidas de que, para atrair cada vez mais público e interessados pelas partidas e pelo esporte, posturas positivas tendem a ter mais impacto.