Sim. Eu sei. Que absurdo um título como este, o leitor pode dizer. Afinal, o Grêmio conquistou dois títulos: uma Recopa, que consolidou a hegemonia da América no período, e um Gauchão, depois de tanto tempo distante de suas mãos. É um bom ano.
Contudo, era isso que o Grêmio almejava quando o ano começou? Mais: era isso que se apresentava quando o time de Renato Portaluppi apavorou o Brasil no primeiro semestre?
Lembre daquele Grêmio, daquele meio-campo alicerçado em Arthur e Maicon. Aquela escalação nos presenteou com atuações quase transcendentais. Foi considerado por muitos — todos com mais de vinte e poucos anos — o maior Grêmio da história. Não sei. Porém, compartilho o sentimento de muitos torcedores: a vitória por 5 a 1 sobre o Santos foi a maior atuação que testemunhei in loco de um time de futebol.
Escrevi na época neste mesmo espaço: "O Grêmio apavorou seus torcedores no último domingo. Na verdade, segue aterrorizando. Cada desempenho do time de Renato Portaluppi faz com que o torcedor não saiba o que esperar, se enerve por pensar que tudo isso não passa de um sonho, uma ilusão que pode acabar a qualquer momento e ele acorde em algum momento do tortuoso passado de dores e lágrimas que foi o deserto de 15 anos."
O Grêmio, definitivamente, não voltou ao trágico período interrompido em 2016. Entretanto, é inegável que 2018 não acabou como foi planejado. Aqueles fatídicos dez minutos na chuvosa noite de 30 de outubro adiaram o sonho de ser Tetracampeão da América. Impediram também a chance de enfileirar uma segunda conquista seguida de Libertadores e de se tornar o clube brasileiro com mais títulos da competição – além, é claro, de perder a oportunidade de enfrentar, talvez, o Real Madrid mais frágil do século.
A manutenção de Portaluppi no casamata do clube é uma conquista que viabiliza a continuidade de um projeto. Contudo, é inegável que um ciclo chega ao fim. Neste momento, do time titular que venceu o Lanús na Final da Libertadores, apenas cinco atletas seguem na equipe. Mais do que sonhos, o novo momento do Grêmio pede pragmatismo e trabalho. Talvez assim as decepções de 2018 se transformem em realizações em 2019.