Reconhecido como um recuperador de jogadores, o técnico Renato Portaluppi terá como mais novo desafio reabilitar o volante Rômulo, 28 anos, 1m86cm, cujo empréstimo por um ano o Grêmio já acertou com o Flamengo. Desta vez, contudo, a tarefa não exigirá apenas conhecimento técnico ou motivacional, como ocorreu como Léo Moura, Bruno Cortez e Jael, jogadores que chegaram sob descrédito à Arena e ganharam títulos. O técnico precisará da retaguarda dos preparadores físicos para deixar em condições um jogador que, afetado por problemas físicos, disputou apenas 13 partidas em 2018.
No Spartak, clube que o contratou por cerca de R$ 20 milhões em 2012, Rômulo disputou uma média de 20 partidas por temporada, até retornar ao Brasil, no início de 2016. A explicação é o rompimento dos ligamentos do joelho esquerdo, ocorrido em partida contra o Rostov, pelo campeonato russo, logo em seu primeiro ano no clube de Moscou.
Foram necessárias duas cirurgias, que o deixaram sem jogar até o final do segundo trimestre de 2014. No final de 2016, quando seu contrato estava por se encerrar, o próprio jogador interferiu junto à direção do Spartak para liberá-lo para o Flamengo.
No clube carioca, seus melhores momentos foram sob o comando do técnico Zé Ricardo, que o escalou no lugar de Márcio Araújo, jogador que não era tolerado pela torcida. A chegada do colombiano Reinaldo Rueda, contudo, interrompeu sua sequência. O novo treinador passou a escalar o compatriota Cuéllar.
Nas raras oportunidades que recebia, Rômulo não repetia a mesma performance do começo de 2017. O quadro ficou ainda pior neste ano. Além de Cuéllar, Willian Arão virou concorrente. No Brasileirão, foram somente seis jogos. Em apenas um deles, contra o Inter, o volante esteve em campo por 90 minutos. Para o colunista do jornal O Globo, Carlos Eduardo Mansur, falta a Rômulo a mesma vitalidade exibida e sua época de jogador do Vasco.
— Desde a cirurgia no joelho (no Spartak), ele demora a se recuperar após cada partida. E isso gera uma nova inatividade. Tem dificuldades para jogar em alto nível — analisa Mansur, destacando o reduzido número de partidas disputadas pelo volante nas últimas duas temporadas. Tanto que o Flamengo forçou-se a contratar outro jogador, o paraguaio Piris da Mota, para a mesma posição.
— Isso é até cruel com um jogador de qualidade técnica como ele, que tem bom passe e boa saída de jogo. É uma aposta que tem uma dose de risco muito grande — entende o colunista.
Bernardo Mello, repórter dos jornais Globo e Extra, também aponta os problemas físicos como determinantes para o baixo rendimento de Rômulo em 2018.
— Muitos acreditavam que a falta de chances se explicava unicamente pela preferência de Zé Ricardo por Márcio Araújo, jogador que irritava a torcida do Flamengo. Só que Márcio Araújo se foi em 2018 e Rômulo seguiu no banco — destaca Mello.
Já o técnico Dorival Júnior, que teve Rômulo sob seu comando no Flamengo, elogia o comportamento do jogador e atribui ao crescimento do colombiano Cuéllar as poucas chances recebidas durante o ano.
— Talvez ele não tenha tido as oportunidades que merecia. Mas sabe jogar futebol. Caso a contratação aconteça, o Grêmio estará levando um grande jogador. Tomara que ele reencontre o caminho aí — torce Dorival.
Incomunicáveis durante o feriadão de Natal, dirigentes do Grêmio ainda não se pronunciaram a respeito da negociação. O jogador, contudo, teria sido uma indicação do técnico Renato Portaluppi. Como o jogador não se encaixa nos planos do técnico Abel Braga, o Flamengo concordaria em pagar metade de seus salários, estimados em R$ 350 mil mensais.
Marcos Braz, que assumirá na próxima semana como vice de futebol do Flamengo, aguarda o encerramento do período de transição do clube carioca, que trocou de direção, para anunciar os primeiros negócios. Deixa claro, porém, que a saída do volante é iminente.
— Rômulo jogou pouco nesta temporada. É mais do que natural que um jogador nessas condições procure novos espaços. Mas não posso dizer que sairá para o Grêmio — afirma.
Os últimos cinco anos de Rômulo
2014 - Spartak: 9 jogos
2015 - Spartak: 19 jogos
2016 - Spartak: 21 jogos
2017 - Flamengo: 26 jogos
2018 - Flamengo: 13