Durante toda a minha vida, percebi muitos comentários machistas em relação às mulheres no futebol. Mas um, especificamente, me chamou muita atenção. Uma vez, assistindo a um jogo no estádio, um torcedor atrás de mim esbravejou contra o atacante do time: “Esse cara chuta que nem uma mulher”. O comentário me surpreendeu não somente por ser preconceituoso, mas também pela falta de informação. Será que este torcedor conhece uma tal de Marta?
O Brasil é considerado pelo mundo inteiro o país do futebol. Aqui nasceram Pelé, Zico, Romário, Ronaldo e muitos outros craques, que poderíamos enaltecer o dia inteiro. Mas nenhum deles se compara a uma camisa 10 chamada Marta. Os haters podem enlouquecer e dizer que o nível do futebol feminino não se compara ao do masculino, ou podem querer comparar o futebol dela ao dos homens citados acima. Eles estariam certos.
Marta talvez não teria feito mais de mil gols, quem sabe não marcaria duas vezes em uma final de Copa do Mundo sobre Oliver Kahn. Mas ela é especial justamente porque, apesar de todas as dificuldades de ser mulher e jogar futebol no Brasil, foi eleita seis vezes como a melhor do mundo pela Fifa.
Isso mesmo. Nenhum outro jogador levou tanto esse prêmio para casa. Nem mesmo Messi ou Cristiano Ronaldo. Marta é a maior atleta de futebol do país, simples assim. Não teve mau investimento, desvalorização ou preconceito que fizesse essa alagoana desistir. Hoje jogadora do Orlando Pride, dos Estados Unidos, foi vice-artilheira na temporada passada do Campeonato Americano, com 13 gols, e líder em assistências.
Em abril deste ano, conquistou a Copa América com a seleção brasileira e assegurou a classificação à Copa do Mundo da França e também aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Pela seleção, aliás, em 2015 Marta se tornou a maior artilheira da história da Mundial feminino, com 15 gols.
Marta Vieira da Silva serve de exemplo para todas as meninas que estão começando a carreira, ou que sonham em chegar no topo. Agora, aos 32 anos de idade, prepara-se para mais uma Copa do Mundo em alto nível. Você não sabia? Aquele papo de que “Copa, agora, só daqui quatro anos” é mentira. 2019 é ano de mulher calçar chuteira e representar o Brasil na França.
E não é só a Marta. A nossa seleção está cheia de atletas reconhecidas no mundo inteiro. Agora, torcedor, em vez de usar o futebol feminino como um xingamento, você pode pedir para o atacante do seu time fazer o certo. E que ele chute como uma mulher.