Meu dia de glória: quando os operários da bola brilharam em times do Exterior. GaúchaZH conta a trajetória de sete jogadores que enfrentaram personalidades do futebol mundial. Confira:
João Paulo finalizou há pouco a pré-temporada do Caxias, que teve como sede o Estádio Centenário e adversários o Tubarão-SC, o São José e o Veranópolis.
O centroavante carioca de 32 anos, que adotou o futebol gaúcho como centro da carreira (passou por Brasil-Pel, Pelotas, Glória, Veranópolis, Passo Fundo, Ypiranga, Juventude e Novo Hamburgo, onde foi campeão gaúcho em 2017) viveu um começo de trabalho bem diferente há exatos 10 anos.
Pouco depois de sair do Glória, João Paulo recebeu uma proposta do Belenenses, clube que disputava a primeira divisão de Portugal. Ao chegar lá, soube como seria a preparação do time, que também estava classificado para a Liga Europa graças à quinta posição no Campeonato Português do ano anterior.
Naquela pré-temporada, o time foi convidado para disputar o concorrido torneio Teresa Herrera, em La Coruña. Os participantes daquela edição foram o anfitrião Deportivo, o compatriota Real Madrid e os convidados Atalanta e Belenenses.
A fórmula era a consagrada semifinal-final. E logo de cara, João Paulo precisou enfrentar o Real Madrid.
Era a fase pós-galácticos, que se reestruturava sob comando do alemão Bernd Schuster. Naquele time estavam estrelas como os espanhóis Casillas, Sergio Ramos e Raúl, o italiano Fabio Cannavaro (melhor jogador do mundo em 2006), os argentinos Gago, Higuaín e Saviola, os holandeses Sneijder e Van Nistelrooy e os brasileiros Marcelo e Robinho. Robinho, inclusive, fez a diferença da partida.
O duelo equilibrado teve vitória do Real Madrid graças a um gol do brasileiro, que chutou de longe e contou com a ajuda do goleirão, que deixou passar pelo meio das pernas.
Enfrentar jogadores que só via pela TV foi uma experiência que marcou minha vida
JÕAO PAULO
Ao enfrentar o Real Madrid
– O Real Madrid sempre foi um time mundial. Enfrentar jogadores que só via pela TV foi uma experiência que marcou minha vida. Saí de um bairro pobre e joguei contra o Real Madrid, meu time no PlayStation. Foi a prova de que quando se tem força de vontade, foco, determinação e fé é possível alcançar o que se deseja – diz o jogador.
Mas enfrentar o Real Madrid não foi o grande momento da carreira de João Paulo. Poucas semanas depois daquele jogo, o centroavante tinha pela frente o maior desafio. Em 20 de setembro, o adversário do Belenenses na Liga Europa foi o Bayern de Ottmar Hitzfeld.
Depois da decepcionante temporada 2006/2007, o time de Munique queria retomar seu lugar. A equipe alemã tinha como capitão o zagueiro Lúcio e vinha recheada de estrelas: Zé Roberto, Schweinsteiger, Luca Toni, Mark van Bommel, o jovem Toni Kroos e a celebridade mundial Franck Ribéry.
– A Allianz Arena estava lotada, e acho que eles pensaram que iam nos enfiar uma sacola de gols. Mas encaramos de igual para igual e só perdemos por causa de um gol do Toni. Enfrentar aquela potência do futebol mundial marcou minha vida – resume.
