Meu dia de glória: quando os operários da bola brilharam em times do Exterior. GaúchaZH conta a trajetória de sete jogadores que enfrentaram personalidades do futebol mundial. Confira:
Quem via Sávio jogar futsal em sua infância em Rio Grande, no sul do Estado, previa que dali sairia jogador. Filho do meio de uma família ligada ao futebol — seu pai, Jorge, foi atleta nos anos 1960 e 1970, e seus irmãos Jorginho e Renan também atuaram profissionalmente —, chamava a atenção pela altura, pelas pernas compridas e canelas finas e pela velocidade. Destro, batia bem na bola e tinha facilidade para o drible. A recomposição veloz também impressionava.
Suas primeiras chances no futebol foram pelo São Paulo-RG, aos 18 anos, em 2003. Foi para o Pelotas, no município vizinho. Seguiu subindo — no mapa —, ganhou vaga no Porto Alegre (de Roberto Assis Moreira) e no Brasil, de Farroupilha, em 2007. De lá, por intermédio do irmão de Ronaldinho, partiu para o FK Zeta, de Montenegro. Dois anos foram suficientes para chamar a atenção do Estrela Vermelha, da Sérvia, time que divide a preferência do país com o Partizan, ambos de Belgrado.
Duas vezes vice-campeão nacional, Sávio pôde participar duas vezes da Liga Europa. Mas atuar em um dos maiores campeonatos de futebol do mundo não foi o momento mais marcante do jogador, que depois da experiência europeia ainda vestiu as camisas de Avenida, Cerâmica, Rio Grande e outra vez do São Paulo-RG. Uma questão afetivo-geográfica mudou sua trajetória.
Por um acordo entre prefeituras, decidiu-se que Chicago, Varsóvia, Belgrado e Paris seriam cidades-irmãs. E para homenagear essa fraternidade, o Chicago Fire organizou um campeonato com representantes desses municípios. Jogaram, além dos anfitriões, o Legia-POL, o Estrela Vermelha e o Paris Saint-Germain. Nas semifinais, o PSG venceu os donos da casa, e o time de Sávio ganhou do Legia.
Foi um baita jogo, o time deles tinha Makelele, de quem eu era fã, até troquei a camisa com ele. Estava também o Giuly. E o Ceará ficou meu amigo, falo com ele até hoje
SÁVIO
Ao enfrentar o PSG
Em 23 de maio de 2010, o Estádio Toyota Park recebeu a final do torneio. O jogo foi equilibrado e terminou empatado em 1 a 1. Cadu marcou o gol dos sérvios, Ceará empatou para os franceses. Nos pênaltis, vitória do Estrela Vermelha por 7 a 6. Sávio não participou das penalidades.
— Joguei futebol profissional por 15 anos e nunca tive a chance de bater um pênalti. Nesse dia, fui substituído pouco antes do fim. Foi um baita jogo, o time deles tinha Makelele, de quem eu era fã, até troquei a camisa com ele. Estava também o Giuly. E o Ceará ficou meu amigo, falo com ele até hoje — diz Sávio.
No fim das contas, a amizade entre as cidades rendeu para ele uma amizade com um campeão mundial. E uma camisa de seu ídolo.