“Muito prazer Boca Juniors, Fluminense”, disse Renato Portaluppi eufórico após o Flu eliminar o então favorito Boca na semifinal de 2008. Naquela ocasião, a final foi de decepção com a derrota para a LDU nos pênaltis. Pois neste sábado (4), 15 anos depois, finalmente o torcedor tricolor do Rio de Janeiro pode soltar o grito da garganta. O Fluminense venceu o Boca Juniors por 2 a 1, na final única no Maracanã, e tornou-se campeão da Libertadores pela primeira vez em sua história. Muito prazer América, Fluminense, agora campeão continental.
O título veio de forma sofrida. Cano abriu o placar no primeiro tempo e Advíncula igualou no segundo. John Kennedy saiu do banco para marcar o gol do título e tornar-se eterno na história do Flu.
Fernando Diniz desfez a dúvida na escalação pouco mais de uma hora antes de a bola rolar. Matheus Martinelli ganhou a disputa com John Kennedy com o Fluminense tendo uma formação menos ofensiva do que aquela que iniciou contra o Inter, no mesmo Maracanã, na semifinal. No Boca Juniors, Jorge Almirón mandou a campo o time esperado com garoto Valentini como substituto do capitão Rojo, suspenso.
O início do jogo teve o panorama esperado, com o Fluminense beirando sua posse de bola aos 80% e o Boca procurando desacelerar. No primeiro tiro de meta argentino, o goleiro Romero matou o tempo que pôde mostrando a estratégia de tentar esfriar a partida.
E isso até certo ponto deu certo. O Fluminense não teve ao longo do jogo um poder alto para criação. O Tricolor Carioca tinha mais a bola, mas sem ameaçar Romero. Do outro lado, o Boca Juniors cumpria o objetivo de esfriar a partida, mas também não dava trabalho a Fábio.
Pois a grande chance do Boca na primeira etapa sequer foi uma finalização. Barco encontrou um passe entre os zagueiros para Cavani. O camisa 10 tinha total condição para chutar contra Fábio, mas optou por tocar para Merentiel, que escorregou e não ficou com a bola.
O erro de tomada de decisão custou caro, pois o centroavante do Fluminense não erra. Aos 35 minutos, em uma jogada com o estilo de Diniz, Keno deixou o lado esquerdo e foi para a direita tabelar com Arias. Ele superou o lateral Fabra e cruzou para a área, onde Germán Cano apareceu para finalizar de primeira para vencer Romero aos 35 minutos. O Tricolor Carioca não teve seu habitual volume de jogo, mas Cano precisou de apenas uma chance para colocar seu time com a mão na taça.
Os dois técnicos voltaram sem trocas para o segundo tempo, mas com formas diferentes de jogar. O Boca iniciou arriscando mais, ocupando o campo de ataque. O time argentino mostrou-se perigoso nos primeiros minutos. Aos 4, Medina chutou para defesa de Fábio. Aos 12, a finalização de Advíncula acertou a rede pelo lado de fora.
Não chegou a ser uma grande pressão argentina. E com o cronômetro se aproximando dos 20, o Fluminense passou a recuperar a posse de bola. Trocando passes foi contendo as tentativas do Boca e trouxe a torcida junto. O Maracanã criou um clima de festa com o título no lado carioca. Do outro, os argentinos respondiam tentando empurrar o time.
Jorge Almirón já preparava mudanças para as entradas de Benedetto e Langoni quando Advíncula resolveu mudar o destino. O lateral, que foi o artilheiro do Boca na Libertadores, recebeu na frente da área, cortou para o pé esquerdo e chutou no canto de Fábio para 1 a 1 e a festa xeneize no Maracanã.
Mesmo com o gol, Almirón fez as trocas com Langoni e Benedetto nos lugares de Barco e Cavani, que sentia dores. Diniz também mexeu. Foram três trocas ao mesmo tempo: John Kennedy, Lima e Diogo Barbosa por Ganso, Martinelli e Marcelo. Logo depois, Guga ingressou por Samuel Xavier.
Os dois times tiveram uma grande chance cada antes do término do tempo regulamentar. Aos 43, Merentiel chutou de fora da área e mandou perto da trave com Fábio batido. Diogo Barbosa teve a chance do título em seus pés aos 48 após lindo passe de Lima, mas acabou chutando para fora.
30 minutos de tensão
A prorrogação começou com o Boca Juniors tendo mais a bola e o Fluminense marcando em seu campo. Era uma estratégia de Diniz para tentar ganhar campo para explorar a velocidade de John Kennedy. Não foi em um contra-ataque, mas a rapidez de John Kennedy foi decisiva. No oitavo minuto da prorrogação, ele chegou antes de qualquer defensor, após bola escorada por Keno, e finalizou sem chance algum para Romero: 2 a 1.
Mas não iria ser sem sofrimento. Amarelado, John Kennedy foi até a torcida comemorar o gol e acabou levando o segundo cartão sendo expulso. A expulsão, porém, foi apenas para dar um pouco mais de tensão. Pois logo na sequência, Fabra também levou o vermelho. Os apenas 21 minutos em campo foram suficientes para John Kennedy fazer história. Foi dele o gol que colocou o Fluminense como um dos campeões da América. O Flu é campeão da Libertadores.
Libertadores
Final - 4/11/2023
Boca Juniors
Romero; Advíncula, Figal (Valdez, 71/2ºTP), Valentini e Fabra; Pol Fernández, Equi Fernández (Saracchi, INT), Medina (Taborda, INT/P) e Barco (Langoni, 32’/2T); Merentiel (Janson/P) e Cavani (Benedetto, 32’/2T). Técnico: Jorge Almirón.
Fluminense
Fábio; Samuel Xavier (Guga, 38’/2ºT), Nino, Felipe Melo (Marlon, 4’/2ºT) e Marcelo (Diogo Barbosa, 34/2ºT); André e Matheus Martinelli (John Kennedy, 34’/2ºT); Arias, Ganso (Lima, 34/2ºT), Keno (David Braz, 12'/1°TP); Germán Cano. Técnico: Fernando Diniz.
GOLS: Cano (F), aos 35min do 1º tempo; Advíncula (B), aos 26min do 2º tempo; John Kennedy (F), aos 8min do 1º tempo da prorrogação.
CARTÕES AMARELOS: Cavani, Figal, Langoni, Saracchi (B); Keno, John Kennedy, Cano (F)
CARTÃO VERMELHOS: Fabra (B); John Kennedy (F)
PÚBLICO: 69.232
RENDA: R$ 3.702.250,00
LOCAL: Estádio Maracanã
ARBITRAGEM: Wilmar Roldan, auxiliado por Alexander Guzman e Dionisio Ruiz (trio colombiano). VAR: Juan Lara (CHI)