O Cruzeiro teve um 2017 de reconstrução. Depois de ficar duas temporadas sem títulos, o clube chegou ao pentacampeonato da Copa do Brasil e garantiu um lugar na Libertadores deste ano. O desejo de buscar o tricampeonato continental — o bi foi conquistado em 1997 — motivou os mineiros a viabilizar formas incomuns de investimento para reforçar o grupo.
Nas últimas semanas, o Cruzeiro é o clube brasileiro que investe valores mais expressivos — concorrendo até mesmo com o Palmeiras, que tem um suporte considerável de investidores e fica em um mercado maior. Os mineiros contrataram o centroavante Fred, tiraram o lateral-direito Edilson do Grêmio e ainda buscaram Egídio, Marcelo Hermes, Bruno Silva, David e Mancuello.
A obtenção dos valores passa por investidores que não são revelados, uma parceria com o banco BMG e até empréstimos em instituições financeiras. Nesta semana, por exemplo, o clube precisou recorrer a uma linha de crédito de R$ 50 milhões para quitar salários.
— Esse dinheiro, o Cruzeiro abriu uma linha de crédito. O presidente fez uma negociação com o banco, e o Cruzeiro, nos próximos seis meses, vai quitar esse valor. A gente espera quitar como? Com mais vendas de camisa, com mais boas contratações, também com o aumento de renda no Mineirão e um trabalho ousado e mais aguçado que vai ser feito pelo departamento comercial e marketing — explicou Itair Machado, vice-presidente de futebol do clube, em entrevista coletiva.
O clube não revela quem são os investidores, mas empresários locais ajudaram a bancar os R$ 10 milhões para consolidar o retorno de Fred — uma multa prevista no acordo de rescisão de contrato com o Atlético-MG para dificultar a ida ao rival. Em nota oficial, o Cruzeiro informou que "não vê problema para fazer o pagamento dos R$ 10 milhões, pois conta com um grupo de empresários cruzeirenses que está auxiliando o clube nesta operação e irá fazer a quitação integral do valor".
O presidente Wagner Pires Sá disse que a contratação de David junto ao Vitória, que também custou R$ 10 milhões, contou com a parceria com o BMG. O modelo lembra um acordo recente do Santos com o Grupo Doyen, em que as partes dividem os lucros de uma eventual venda, mas o clube precisa arcar com o prejuízo caso nenhum negócio seja fechado em um prazo determinado.
— Nós temos um acordo com o BMG em que, em troca de uma operação que nós fizemos com o jogador, eles possam dividir os lucros da venda. E eles teriam uma opção de escolher dois ou três jogadores para, mais tarde, substituir essa parcela — disse o dirigente, em entrevista à rádio 98 FM.
O Cruzeiro também usou 2017 para enxugar os custos. As despesas totais caíram, segundo um estudo do Itaú BBA, em 14% — ainda que as receitas também tenham caído 2%.
A contratação mais recente é a de Federico Mancuello. O Cruzeiro comprou 54% dos direitos econômicos do meio-campista argentino junto ao Flamengo por US$ 1,8 milhão (R$ 5,8 milhões).
Ao Grêmio pelo lateral-direito Edilson, o Cruzeiro bancou uma quantia em dinheiro, além de ceder o atacante Alisson em definitivo e o jovem Thonny Anderson, de 20 anos, por empréstimo de uma temporada.