"Organizado, modesto e "de bairro" como costumam ser chamados os clubes menores na grande Buenos Aires. Para o Lanús, independentemente do resultado final, a força que vem do Sul tem motivos de sobra para comemorar.
O Lanús, chamado de "El Granate" pela cor grená do seu uniforme, carrega o nome da cidade, que é emancipada – muita gente confunde e pensa que seria apenas um bairro de Buenos Aires. Por lá nasceu nada menos que Diego Armando Maradona, na paupérrima Villa Fiorito.
É de lá que o organizado Granate vem, para a maioria das pessoas, surpreendendo na Libertadores deste ano. Mas é preciso dizer que lá se vão pelo menos cinco anos de trabalhos longos, revelação de jogadores, compromisso com as finanças e a consolidação como uma das forças emergentes do futebol argentino.
Sob o comando de Guillermo Barros Schelotto (hoje treinador do Boca), o clube ganhou a Copa
Sul-Americana batendo a Ponte Preta em 2013. Era o início da caminhada que passou por outro título importante: o de campeão argentino em 2016, esse já sob o comando do atual treinador, Jorge Almirón.
Faz parte desta organização a questão econômica. Enquanto alguns clubes mais tradicionais penam com salários atrasados e greves de jogadores, o Lanús toca a sua vida de forma enxuta e responsável. Bom vendedor, o clube faturou em 2016 mais de 16 milhões de euros com as vendas dos paraguaios Miguel Almirón para a MLS e Gustavo Gómez para o Milan.
A base montada lá atrás com Schelotto foi mantida, e poucas peças deixaram o clube, o que acabou reforçando o sentido de grupo e organização. Almirón conta hoje com jogadores operários, não há estrelas no seu plantel. Figuras como Pepe Sand e Laucha Acosta são os mais renomados internacionalmente, além do ótimo uruguaio Alejandro Silva, frequentemente convocado.
No miolo de zaga, está o setor mais frágil do time. O paraguaio Garcia Guerreño nem de longe se assemelha ao seu compatriota Gustavo Gómez, hoje na Europa. Braghieri é uma fortaleza, e por isso também é pouco móvel. Muito forte fisicamente, costuma ter prejuízo quando corre atrás de atacantes.
O time termina com os ótimos Laucha e Sand, queridos no coração dos torcedores do clube. Os dois foram campeões em 2007 do torneio local e entraram para história do Lanús. Laucha é a velocidade, Sand é a categoria.
Independentemente do final deste ciclo, a força que vem do Sul tem motivos de sobra para comemorar.