Em meio ao alívio por ter vencido a primeira partida após dois meses e, com isso, subido na tabela do Brasileirão, o Inter sabe que tem um problema a resolver como resquício do 2 a 1 sobre o Juventude. Seu principal jogador, contratação mais badalada, precisou ser substituído no intervalo após ser vaiado por perder um pênalti e aumentar sua lista de partidas ruins. O clube como um todo, da direção à torcida, precisa cuidar do caso Valencia.
No pódio entre os salários mais altos do time, o centroavante tem uma responsabilidade do proporcional aos vencimentos. E por mais que ainda seja o goleador da equipe na temporada (o que também diz muito sobre o ataque colorado), o equatoriano atravessa um momento difícil. Já se vai um mês desde o último gol, justamente contra o Juventude, pela Copa do Brasil, em um pênalti repetido (havia desperdiçado a primeira cobrança, mas o árbitro mandou voltar por causa da invasão de um atleta). E nesses cinco jogos, desde então, não balançou as redes.
Não dá para dizer que seu problema é só com o Inter. Pela seleção, onde é o maior ídolo, capitão e histórico goleador, saiu da Copa América sem marcar gols, com um cartão vermelho e um pênalti desperdiçado nas quartas de final, contra a Argentina. Esse combo todo está claramente afetando o jogador.
O clube decidiu abraçá-lo
Após a vitória sobre o Juventude, Roger reuniu o grupo e pediu apoio a Valencia. O jogador sentiu o erro e nem comemorou direito o resultado. Por isso, o treinador fez questão de defendê-lo publicamente.
— O erro do pênalti tirou Valencia do jogo. Achei que o melhor seria tirá-lo. Mas na reunião com os jogadores disse que ele é muito importante para nós. Ninguém vai largar a mão de ninguém. Ele se sente culpado, se frustra, acha que está devendo. Assim como essa vitória, ele também logo voltará a fazer os gols que sempre fez — disse Roger na entrevista coletiva.
Não haverá, por ora, ação especial do Inter com Valencia, do tipo afastá-lo de alguma partida para treinar ou ser preservado. Pelo contrário: será titular novamente no domingo, contra o Atlético-GO. Até por ser um jogo fora de casa, com menos pressão da torcida, tende a passar melhor. Assim como via a situação do time, que precisava de uma vitória para voltar a ter confiança, o clube entende que Valencia conseguirá se recuperar quando marcar um gol.
Ao menos por enquanto, não fará qualquer ato extraordinário. Valencia manterá rotina de treinos, de conversas com colegas e comissão técnica, mas sem ajuda profissional especializada ao menos por parte do clube. O carinho será espontâneo.
Repercussão entre a torcida
Entre os torcedores, após a vaia de boa parte da arquibancada logo depois do pênalti perdido, o sentimento é de ajudá-lo. Nota-se nas redes sociais um movimento de apoio ao jogador, de não estimular as críticas e dar nova chance ao centroavante.
Obviamente, Valencia não é o primeiro nem será o último jogador vaiado por torcida. Historicamente, o peso maior de um período sem vitórias recai sobre aqueles jogadores que detêm a maior esperança de reação. A ordem, agora, é entender como lidar com essa questão. O centroavante tem contrato com o Inter até junho de 2026 e as pessoas ligadas ao atleta garantem que ele não tem qualquer problema no clube ou na cidade. O entendimento geral é de que se trata de uma má fase. E que só vai acabar com a bola na rede.