O centésimo jogo de Coudet à frente do Inter, será como mandante, mas não em seu lugar preferido. Enquanto o Beira-Rio permanece fechado, em reconstrução, o treinador e seu time se sentirão em casa no Heriberto Hulse que trocará o amarelo e preto pelo vermelho e branco e terá perto de 18 mil colorados. Essas são as armas para vencer o São Paulo pela oitava rodada do Brasileirão.
A marca simbólica do técnico argentino o colocará a oito jogos de entrar no top-10 da história colorada. O 10º colocado é Ênio Andrade, campeão invicto de 1979. Será difícil, ao menos por enquanto, alcançar Abel Braga, o líder isolado com 340 partidas. Os números se referem às partidas em que Coudet ficou no banco, assinou súmula. Porque desde sua chegada, ficou de fora de três partidas, todas por suspensão, contra Juventude e Brasil de Pelotas, pelo Gauchão, e Flamengo, pelo Brasileirão.
É inegável a identificação Coudet e Inter. Depois de ser contratado em 2020 e sair de forma controversa para o Celta de Vigo, o treinador nunca escondeu apreço ao clube. Quando treinava o Atlético-MG, em maio do ano passado, chegou a dizer:
— Fiz muitos amigos no Inter. Sempre me trataram bem. Foi o clube que abriu as portas aqui no Brasil. Eu sou muito agradecido a esse pessoal, aos torcedores, pela forma como me trataram. Tenho uma dívida com o Inter, com a torcida, e espero que o futebol permita pagá-la algum dia.
A oportunidade apareceria 65 dias depois dessa declaração. Anunciado pelo Inter, esteve perto do sonho de chegar à decisão da Libertadores, mas caiu para o Fluminense na semifinal. E no Brasileirão, que ficou de lado em meio à disputa continental, não teve tempo de se recuperar.
Em 2024, sua campanha, em números, é incontestável. Perdeu apenas três partidas até agora, levou 14 gols e tem o segundo melhor aproveitamento entre os times da Série A, com 74%. O problema foi a eliminação antes da final do Gauchão, para o Juventude. Faltou-lhe o título gaúcho, especialmente após a expectativa criada.
Mas resultados à parte, Coudet tem uma relação visceral com o Inter. Participa do planejamento de treinos e de contratações. Vibra e berra à beira do campo. Chama a torcida. E também reclama. Contra o Atlético-GO, disse que o ambiente pressionava os atletas. E diante do Delfín, no Alfredo Jaconi, chegou a bater boca com quem chamou de "Gordo da arquibancada", que estava implicando e o ofendendo.
— É um desafio ganhar pelo Inter. É uma das coisas que gosto daqui — declarou em entrevista coletiva.
Coudet encontrará um povo diferente em Santa Catarina. O Inter tem grande torcida no sul do estado vizinho, e são esperados 18 mil torcedores nas arquibancadas do Heriberto Hulse. O que significa lotação máxima. Ao menos no ambiente, a equipe poderá se sentir em casa. E o estádio tem iluminação e gramado de primeira linha, algo que se assemelha ao Beira-Rio.
A torcida será importante para compensar os desfalques. Além dos convocados para a Copa América — Rochet, Valencia e Borré —, o treinador não contará com Mauricio, que se recupera de lesão, e Mercado, suspenso. A equipe deve ter Fabricio no gol, Robert Renan (ou Fernando) na zaga, Thiago Maia (ou Fernando) de volante e Bruno Henrique no meio.
O time pode se inspirar no passado para conseguir o resultado. Na história do Brasileirão, o Inter foi mandante em Santa Catarina duas vezes. Em 1995, em troca de R$ 30 mil (o que na época equivaleria a cerca de R$ 300 mil hoje), os colorados enfrentaram o Cruzeiro no Estádio Índio Condá, em Chapecó. Venceram por 2 a 0, gols de Caíco e Wagner. No ano seguinte, por conta de uma punição ao Beira-Rio, o Inter foi o "dono" da Ressacada. Mesmo contra um time com torcida em Florianópolis, o Vasco, o fator local gaúcho prevaleceu, com uma goleada por 4 a 1 (gols de Leandro, Luiz Gustavo, Yan e Murilo).
Coudet pelo Inter
- 2 passagens (2020 e 2023-2024)
- 99 jogos
- 52 vitórias
- 25 empates
- 22 derrotas
- 148 gols marcados
- 85 gols sofridos
- 61% de aproveitamento