Dupla de ataque poderosa na América do Sul, maior esperança de gols para o Inter na temporada, Borré e Valencia estarão em campo às 18h30min deste sábado na Arena Pantanal, na partida contra o Cuiabá, pelo Brasileirão. E é bom que mobilização dos colorados do Centro-Oeste seja intensa, porque, justamente por ser uma dupla de ataque poderosa na América do Sul, ambos estarão fora no próximo mês, a serviço de suas seleções.
No melhor cenário para o Inter (não para seus países), eles perderão nove jogos: dois da Sul-Americana (Tomayapo e Delfín), seis do Brasileirão (São Paulo, Vitória, Corinthians, Grêmio, Atlético-MG e Criciúma) e um da Copa do Brasil (ida contra o Juventude). Isso ocorrerá se Colômbia e Equador forem eliminados na primeira fase da Copa América. Assim, Valencia até poderia estar na Copa do Brasil, porque o último jogo dos equatorianos na fase de grupos é 30 de junho.
No pior cenário para o Inter (e melhor de seus países), a final da competição será Equador x Colômbia, e Borré e Valencia perderiam, além dos jogos já citados, mais duas partidas do Brasileirão (Vasco e Bragantino, ainda sem data confirmada) e o confronto da volta com o Juventude da Copa do Brasil. Com boa vontade, estariam em campo três ou quatro dias depois da decisão, contra o Flamengo.
Independentemente do que ocorrer na Copa América, o fato é que o Inter perde grande parte de seu poder ofensivo por um pedaço importante da temporada. O calendário brasileiro não prevê pausa para partidas das seleções, um contrassenso entre as maiores ligas esportivas do mundo.
Razões que confirmam o prejuízo com os desfalques
Valencia é responsável direto por 23 gols em suas 41 partidas pelo Inter. Foram 19 vezes em que ele colocou a bola na rede e quatro que serviu para um companheiro. Borré vive seu melhor momento com a camisa colorada, marcando três gols nos últimos três compromissos. Soma nove partidas (748 minutos), três gols e uma assistência. Juntos, porém, só atuaram uma vez, justamente a partida da retomada, contra o Belgrano, que teve gol do colombiano. Contra o Cuiabá, será a segunda vez juntos, com Alan Patrick como um abastecedor.
Isso atrapalha o Inter por três razões. A primeira é a qualidade inegável. Valencia é o maior goleador da história da seleção equatoriana, capitão do time, vasta experiência na Europa e vinha como um dos artilheiros do mundo no ano passado. Borré tem sido aproveitado em todas as partidas de sua seleção, inclusive titular em algumas delas, como diante do Brasil.
A segunda é que Coudet é um treinador que tem como esquema preferido o 4-1-3-2, com dois atacantes de ofício na frente. De preferência, com a verticalidade como característica. É exatamente o caso dos dois. Borré e Valencia são atacantes que jogam centralizados mas sabem cair para os lados, abrir espaço, tabelar. Quase uma dupla complementar.
E a terceira é a reposição. Por mais que o Inter tenha investido para trazer os dois, o grupo só conta com Alario como substituto. O argentino vive um 2024 de recuperação física após quase um ano parado. Aos poucos, vai retomando a forma que lhe deu destaque no River Plate e o levou à Europa. Lucca, o outro atacante do grupo, está lesionado. Pode se recuperar na próxima semana. Mas o que foi apresentado até o momento não dá confiança para entrar no lugar de dois atacantes tão fortes. A tendência, assim, é que Coudet adiante Alan Patrick e repita o desenho de 2023. Só que sem a explosão de Valencia (Alario é um jogador de mais posicionamento), será difícil ter profundidade. Não será surpresa se Wesley for adaptado ao setor.
Esse cenário aumenta ainda mais a importância de vencer o Cuiabá. Aproveitar a despedida momentânea da dupla de ataque, somar pontos e tentar fazer uma gordurinha na tabela, enquanto os possíveis substitutos vão ganhando forma e moral. Até lá, o Inter lamenta a "punição" por ter dois jogadores de seleção em um futebol que não se importa com a Copa América.