Depois de uma carreira vitoriosa dentro dos gramados, Magrão tenta ter o mesmo sucesso fora das quatro linhas. Anunciado há um ano para ser dirigente do Inter, ele conversou sobre o período com GZH durante a intertemporada em Itu.
O diretor esportivo, há 64 partidas com o Colorado, participa ativamente da prospecção de novos reforços para a equipe e fez parte da operação que trouxe Rafael Borré a Porto Alegre. Como ele destaca, seu trabalho passa tanto por conversar e entrevistar atletas, quanto por avaliações técnicas a partir de relatórios fornecidos pelo Centro de Análise e Prospecção de Atletas (Capa) do clube.
— Entrego para a diretoria e para o presidente se tem o perfil de jogar no Inter. Nosso desafio foi trazer um grupo maduro e competitivo, um grupo que faça o Inter ganhar. Enquanto eu não ganhar um título de expressão no Inter, eu não vou estar tranquilo — declarou Magrão.
As transferências são comandadas, ainda, por Ricardo Sobrinho, gerente de mercado, e Felipe Dallegrave, diretor de futebol em gestão e jurídico.
Facilitador
O trabalho de Magrão ainda abrange a gestão do vestiário, com um olhar voltado à melhoria da performance dos jogadores. Com 18 anos de experiência como atleta profissional, ele afirma que o mais importante é saber ouvir os outros, independente de sua opinião, para manter um ambiente saudável dentro do clube.
— Eu tenho ser um facilitador entre os setores do Inter. Trabalhamos em harmonia aqui. Tomamos decisões no momento correto. Às vezes levamos críticas, mas fazemos o que achamos que tem que ser feito. Tenho a minha maneira de ser, minha opinião formada, mas vou dar espaço a qualquer funcionário para que ele me mostre o contrário — resumiu.
No período, ele já teve dois técnicos no cargo. Mano Menezes, com quem teve boa relação nos dois meses juntos, e Eduardo Coudet, profissional que ele foi buscar, junto com Alessandro Barcellos, na Argentina, em julho de 2023.
— Não estou aqui para atrapalhar. Eles entenderam. Estou aqui para agregar e ajudar. Respeitando o espaço do treinador — disse.
Dentro das possibilidades, Magrão compreende que o segredo da função é não complicar as coisas. A forte personalidade há duas décadas segue, mas agora para cobranças internas. O discurso público não é o mesmo repetido no vestiário.
— Quando teve que ser de cobrança foi, quando teve que ser de apoio, foi. Tudo está em dia. Não tem nada faltando aqui. Poucos clubes do Brasil têm isso. Nos dá respaldo na hora de apoiar e cobrar. O presidente briga todos os dias para tudo estar em dia no clube.
Novos tempos
Magrão considera complicado traçar qualquer paralelo do seu atual momento com a época em que era atleta, uma vez que sente que o mundo mudou muito. Até para buscar inspirações não é fácil. O cargo de gestor, diretor ou executivo no país é recente.
— Na minha época os gestores eram os treinadores: Abel, o Tite, Mário Sérgio e o Parreira. As formas que eles geriam. Essa função não existia. É a forma de me espelhar. O cara que me espelho fora do Brasil é o Chris Henderson em gestão. Aprendi muito com ele em gestão nos quatro, cinco anos que trabalhei com ele (no Inter Miami-EUA).
Gaúcho de coração
Magrão é tão identificado com o Inter e com o Rio Grande do Sul, onde reside desde 2007, que colaborou em resgates de enchentes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Ele conhece a cultura gaúcha e o futebol também. Após conceder entrevista coletiva na última segunda-feira (27), em Itu, em conversa com a reportagem, ele contou um episódio de um salvamento na Capital.
— Eu carreguei uma senhora de 89 anos. O filho dela perguntou pra ela se sabia quem eu era, ela confirmou e me perguntou: “Vem título esse ano?”.