Depois de quatro empates seguidos, que resultaram na eliminação do Gauchão e em uma arrancada decepcionante na Copa Sul-Americana, o Inter voltou a vencer. Foi longe de qualquer tranquilidade. No começo da noite de sábado (13), no Beira-Rio, o Colorado saiu atrás no marcador quando era melhor do que o Bahia, com um gol de Biel, mas teve forças para virar. Wesley e Fernando balançaram as redes e viraram um placar para consolidar os primeiros três pontos do clube no Brasileirão.
O clima no Beira-Rio iniciou com tensão com vaias da torcida para o meia Mauricio e para Eduardo Coudet, principalmente, no anúncio da escalação. As vaias voltaram em alguns pontos do estádio na ida para o vestiário com placar em 0 a 0, mas a virada com o segundo gol, marcado por Fernando, nos minutos finais transformaram o clima em comemoração. Uma mistura de alívio com festa foi visto pelos jogadores ainda no gramado.
— Viemos de uma semana muito complicada, de muita pressão, com a torcida cobrando bastante. Queremos fazer uma grande temporada. A gente sabe que o Campeonato Brasileiro é muito complicado, com muitas equipes competitivas, mas a gente vai fazer o nosso trabalho e, de pouco a pouco, vamos conseguir chegar onde queremos — disse o volante Fernando na ida para o vestiário.
Bastante cobrado após o empate com o Real Tomayapo, no meio da semana, o técnico Eduardo Coudet aproveitou a vitória para responder a algumas críticas.
— Tem quatro, cinco jornalistas que me assassinam. Nunca fui desrespeitoso. Em 2020, me fritavam, hoje também. Sou o pior treinador do mundo? Os meus números não são tão ruins. Não devo ser tão ruim. Sinto que temos de acreditar juntos. Entendo o torcedor, mas peço apoio nos 95 minutos. Depois, podem cobrar como queiram. É um clube grande. Sei da responsabilidade — disse Coudet, que voltou a falar da imprensa em sua resposta final.
— Sabem as barbaridades que vão falar na próxima vez que perdemos ou empatarmos? Mas eu tenho personalidade, tem que ter personalidade para estar aqui. Todos têm que ter isso porque é um clube grande e é preciso vencer — afirmou Coudet.
Sobre o clima para a partida, Coudet reconheceu que lidar com a pressão fez parte da preparação para o jogo. Ele citou os jovens que foram titulares. O treinador também pediu maior calma para a torcida dizendo que apoio das arquibancadas ajudou para a melhora da equipe no segundo tempo diante do Bahia.
— Sinto que todos estão convencidos do trabalho. Os jogadores são os protagonistas. Sinto que todos estão convencidos da nossa intenção de jogo. Nos preparamos para um clima tenso. Não é fácil jogar em time grande, com responsabilidade. Tentamos tirar essa tensão dos mais jovens. Tem o Vitão, o Mauricio, o Bruno Gomes e o Lucca que começaram. Estou confiante de que vamos precisar de todos. Todos vão ajudar. Hoje (sábado), entrou o Gustavo (Prado). O Gabriel Carvalho participou, mesmo não tendo trabalhado tanto.
— Podem me cobrar, em time grande é assim, mas no segundo tempo o clima de fora (arquibancada) também nos ajudou. O torcedor às vezes não sabe a força que tem. Se gerou um clima de tensão. Não me parecia uma situação tão drástica. Perdemos um jogo no ano. Não sei há quanto tempo isso não acontecia. Queríamos ganhar na Sul-Americana. Chutamos 30 e poucas vezes na goleira. Foi inacreditável não ganhar. É azar. Às vezes a bola não quer entrar. Não tenho explicação. A crítica é para mim. A minha tranquilidade é que temos gerado situações — completou.
Ainda que Coudet tenha visto exagero nas críticas, o diretor esportivo Magrão reconheceu o clima pesado no ambiente vermelho. Ele comentou a conversa que a diretoria teve com líderes das organizadas e disse que nos últimos dias sentiu a mesma tensão dos tempos de jogador.
— Se criou um clima complicado para o jogo de hoje (sábado, 13), mas quem joga no Inter, quem trabalha no Inter, a gente sabe que se convive e se vive assim aqui. Para mim, foram dias tensos. Parece até que eu voltei a jogar. Algumas noites ansioso. A conversa foi amistosa, de respeito de ambas as partes, de respeito de um cara que respeita o torcedor. Não é a torcida organizada. Para mim o torcedor do Inter, todo, merece o meu respeito, o respeito de todo mundo que está aqui dentro. A gente sempre fala que o Inter é o clube do povo e aí quando acontece alguns episódios já não é mais o clube do povo — pontuou.
A vitória sobre o Bahia alivia o momento de pressão do Inter, mas a sequência do Brasileirão já reserva um duro desafio. Na próxima quarta-feira (17), o Colorado irá a Barueri encarar o Palmeiras. Um resultado positivo sobre o atual bicampeão brasileiro pode espantar de vez a crise. Uma derrota, porém, pode de novo trazer tensão para o ambiente colorado. Mas, como dito por Eduardo Coudet, isso faz parte do clima de um clube grande.
Depois do Palmeiras, o Inter terá dois jogos fora de casa, diante do Athletico-PR, também pelo Brasileirão, e Delfin, pela Sul-Americana.