Sem conseguir destravar o negócio de Thiago Maia com o Flamengo, a diretoria colorada viu em Bruno Gomes uma solução para o último dia de inscrições do Gauchão. Mas, para que o volante pudesse ser apresentado no CT Parque Gigante na manhã desta terça-feira (20), foi preciso um trabalho de convencimento nos bastidores, que envolveu até mesmo o técnico Eduardo Coudet.
Negociado para o Coritiba no ano passado, o jovem de 22 anos embarcou para a Venezuela no início de janeiro, onde serviu à seleção brasileira no Torneio Pré-Olímpico com a certeza de que vestiria outra camisa no restante da temporada. Desde a queda do clube paranaense, ele havia sido procurado por Fluminense, Cruzeiro e Fortaleza, com o clube nordestino sendo aquele que mais se aproximou dos valores pedidos. Foi aí que o telefone do jogador tocou.
Do outro lado da linha estava o treinador argentino, apresentando o plano de jogo e a promessa de que ele poderia ganhar espaço no meio-campo colorado, uma vez que Aránguiz deverá ser convocado para disputar a Copa América com o Chile.
— A conversa ganhou um pouco de repercussão, não? Eu acho isso uma situação normal de mercado. Nós também tínhamos fechado com jogadores, aí vieram outros clubes, puseram mais dinheiro e nós não nos irritamos com ninguém. Mas eu acho que é um jogador muito interessante. O clube tinha uma grande porcentagem já e tomo isso como uma situação natural que acontece em todo o mercado de diferentes países — explicou Coudet em entrevista concedida após a vitória sobre o Novo Hamburgo no último domingo (18).
A primeira passagem de Bruno Gomes no Beira-Rio, há dois anos, ocorreu depois de uma troca com o Vasco envolvendo Zé Gabriel. Na época, o volante pouco conseguiu fardar. Com Alexander Medina, atuou nos seis minutos finais do empate em 1 a 1 com o Guarany, em Bagé, pela última rodada da fase classificatória do Gauchão de 2022. Com Mano Menezes, veio o ostracismo que motivou a saída para a capital paranaense.
Outro ponto que ajudou a desatar o nó é que Bruno Gomes é agenciado por André Cury, empresário com bastante trânsito junto à diretoria colorada. Além do volante, ele também trabalha com Alan Patrick, Mauricio e Rômulo, tendo ajudado o clube nas contratações de Aránguiz e Borré, recentemente. Ou seja, faltava apenas convencer o Coritiba.
Conforme noticiou o colunista Eduardo Gabardo, a existência de uma dívida ainda da época da compra de 50% dos direitos econômicos em janeiro de 2023 foi usada para abater parte dos R$ 7 milhões que deveriam ser desembolsados. No novo contrato, vigente até o fim de 2027, o Colorado fica com 100% dos direitos econômicos, mas terá de repassar aoclube do Couto Pereira 10% de uma futura venda. A costura estava feita.
Por fim, há a confiança de que a volta para um clube que o jogador já conhece, atuando na elite do futebol nacional e na Copa Sul-Americana, com um treinador que adota um estilo de jogo propositivo, levarão o volante a cumprir seu destino de atuar na Europa em um futuro breve. Portanto, será um negócio rentável para todos os envolvidos.
— Falamos muitas vezes de reintegração quando o clube empresta um jogador, mas talvez o jogador não seja tão transcendente para um treinador e para outro sim. Eu me apoio muito em seus números físicos, sua qualidade técnica. É um jogador novo, um grande investimento para o clube e, até para que saibam porque não é um dado menor, é um jogador com passaporte italiano. É um investimento e uma razão muito importante para que o clube aponte para o futuro — completou Coudet.