Eduardo Coudet está empolgado com o início de temporada do Inter e as contratações feitas pelo clube. O técnico fez questão elogiar o grupo depois da vitória contra o Ypiranga pela terceira rodada do Gauchão. Para Chacho, o futuro reserva grandes alegrias ao torcedor colorado.
— Sim, vivemos a ilusão — deixou claro o treinador.
Também na entrevista coletiva do último sábado (27), Coudet comparou o trabalho atual no Inter com o período em que esteve à frente do Racing, entre 2018 e 2019. Foram dois títulos conquistados no clube argentino: a Superliga Argentina (a primeira divisão do campeonato nacional) e o Troféu dos Campeões, disputado entre o vencedor da Superliga e o vencedor da Copa da Superliga.
— Hoje, sinto algo parecido com o que aconteceu no Racing. Pegamos os primeiros seis meses, quando o posicionamento estava atrás. Depois desses seis meses, falamos o que precisávamos para ser competitivo todo o ano. Aqui, aconteceu igual. Apontamos nomes. Sempre participamos no mercado. Será desta maneira — respondeu o argentino ao ser questionado se o atual elenco colorado é o melhor que já comandou na sua carreira.
Para quem acompanhou de perto o trabalho de Coudet no Racing, há, sim, semelhanças que podem dar um alento ao torcedor. O jornalista David Pintos, administrador da página El Show de Racing e do site La Comu de Racing, dedicados exclusivamente ao time da cidade de Avellaneda, lembra que o divisor de águas na jornada do técnico foram as contratações. Eduardo Coudet chegou para substituir Diego Cocca, que deixou o Racing na 18ª colocação da Superliga.
— Quando o Coudet chegou, o Racing não estava em um bom momento. A arrancada do trabalho foi com o grupo que já estava na temporada anterior, mas foram colocando reforços. As coisas não foram todas boas no início. Ele não se classificou para a Libertadores e foi para a Sul-Americana. Depois, trouxeram os reforços — explica o jornalista argentino.
Conforme Pintos, Coudet conseguiu se firmar no Racing, principalmente, porque teve o respaldo do grupo de atletas, em especial do capitão Lisandro López. Foi essa relação que manteve Chacho mesmo após a eliminação para o modesto Sarmiento de Resistência na Copa da Argentina em 2018.
Nomes como o goleiro Árias, o zagueiro Donatti, o lateral-esquerdo Eugênio Mena, o lateral-direito Renzo Saravia, o atacante Augusto Solari e o meia Matías Zaracho, promovido da base, estiveram entre os nomes que foram contratados ou ganharam mais oportunidades sob o comando de Coudet e foram decisivos para os títulos de 2019.
— Os reforços foram no sentido de montar um time como Coudet gosta, agressivo, com verticalidade e pressão. Sempre na formação 4-3-1-2 ou variando para o 4-3-2-1 — descreve.
Um Inter diferente
David Pintos acredita que, pela primeira vez no Brasil, Coudet tem um grupo "poderoso" nas mãos. Agora, a pressão pela conquista vai aumentar.
— Ele é um técnico de trabalhos a longo prazo. No Racing, começa não se classificando para a Libertadores e sendo eliminado para o Sarmiento. Mas, depois, conseguiu os títulos — reforça o jornalista.
No Racing, Coudet encerrou um jejum de títulos que se estendia desde 2014. No Inter, o último título foi o Gauchão de 2016. Mesmo no início da temporada, o potencial colorado é assunto na Argentina, segundo Pintos.
— Aqui, vemos o Inter como um candidato à Sul-Americana. É uma equipe que queremos evitar nas primeiras fases da competição — comenta.
Até o momento, os capítulos iniciais do Racing e do Inter de Coudet têm contornos realmente parecidos. No ano passado, o técnico assumiu o clube gaúcho no lugar de Mano Menezes. O Colorado estava na 11ª posição do Brasileirão. Chacho não conseguiu levar o time para a Libertadores, com o Inter ficando na nona colocação e com vaga na Sul-Americana.
Na Libertadores, Coudet conduziu o time até as semifinais diante do Fluminense, quando sofreu a derrota dentro do Beira-Rio. A nova temporada chegou, Coudet permaneceu e deu o aval para as contratações feitas pela direção. O argentino ainda escreve a história da sua segunda passagem pelo Inter. Terá ela o mesmo desfecho dos capítulos finais de Avellaneda? É o que o futebol dirá.