Inter e Fluminense fizeram um jogo eletrizante que poderia ter tido mais gols do que o placar de 2 a 2 na ida da semifinal da Libertadores, na semana passada. Para buscar a classificação para a final, além de manter medidas que deram certo e encontrar novas alternativas, Eduardo Coudet pôde tirar lições das estratégias de Fernando Diniz. O Desenho Tático de GZH mostra três pontos nos quais o time carioca teve vantagem sobre o Colorado no Maracanã e que devem ser corrigidos para o Beira-Rio.
1) Marcação na saída de bola de Renê
Diferentemente da passagem anterior pelo Inter, quando recuava um volante para fazer a saída de bola junto aos zagueiros liberando os dois laterais para o ataque, Eduardo Coudet tem feito sua saída de três atualmente usando Renê junto aos zagueiros em um movimento que libera o lateral-direito (Bustos ou Mallo) e deixa que Wanderson seja o responsável pela amplitude no lado esquerdo.
É Renê o jogador-chave para a saída de bola do Inter. Com Vitão pela direita e Mercado centralizado, o lateral-esquerdo é o jogador que tem a maior capacidade tanto para encontrar passes quanto para conduzir a bola. Pois ao perceber isso, Diniz não fez uma marcação que impedisse Renê de receber a bola. Pelo contrário, ele induzia que o passe fosse para o lateral. Assim que o camisa 6 recebia, John Arias subia para pressionar com as opções de passe mais próximo marcadas. Assim, o Fluminense teve sucesso para roubar a bola no lance do primeiro gol de Germán Cano. Renê ainda perdeu duas outras saídas para Arias, uma que resultou no escanteio para o segundo gol carioca.
Coudet precisará fazer no Beira-Rio um ajuste na forma como o Inter sai jogando para que não seja dependente de Renê ou que o camisa 6 tenha outras opções de passe para sair da marcação de Arias.
Como funcionou no lance do primeiro gol:
Fluminense deixa Renê livre para ser opção de passe na saída de bola do Inter
Quando Renê recebe, Arias adianta e rouba a bola
2) Movimentações pelo setor direito colorado
A medida de Eduardo Coudet de escalar Hugo Mallo no lugar de Bustos teve sucesso ofensivo com o camisa 2 marcando um gol e ainda tendo dado a assistência para Mercado no lance do gol anulado pelo VAR no segundo tempo. Defensivamente, porém, a presença do espanhol não deu a maior segurança defensiva em relação ao argentino.
Além da qualidade técnica de Keno, o Fluminense mostrou mecanismos para explorar o setor direito da defesa colorada. Um deles apareceu também no lance do primeiro gol. Como o Inter estava em organização ofensiva - o movimento que tem Renê junto aos zagueiros para a saída de três também libera o lateral-direito a avançar para dar amplitude permitindo com que Mauricio se aproxime da faixa central. O problema foi que quando Renê perdeu a bola para Arias, a transição ofensiva do Fluminense foi rápida não permitindo que o Inter voltasse a ser organizar defensivamente. Assim, Cano estava livre para finalizar às costas de Vitão no lugar que estaria Mallo caso o Inter estivesse em organização defensiva.
Outra forma da atacar pela esquerda foi gerar situações para que Keno ficasse no um contra um com espaço diante do Mallo. Como o lateral-esquerdo Marcelo atacava muitas vezes por dentro, Mauricio era levado com ele criando um espaço no setor direito do Inter. A presença de John Kennedy permitia a Germán Cano recuar para ser opção de tabelas com Ganso e André ou mesmo com Keno. Com espaço, a velocidade favorecia para Keno atacar contra Mallo, o que aconteceu em vários momentos do primeiro tempo, antes da expulsão de Samuel Xavier.
Keno tabela com Cano e recebe às costas de Mallo em lance salvo por Rochet:
3) Bola parada
Ao mesmo tempo que tenha dificuldades na bola aérea defensiva, o Fluminense mostrou suas armas quando teve a oportunidade de cruzar na área do Inter. Logo no primeiro escanteio, Diniz posicionou seus jogadores longe um do outro na área na ideia de abrir espaço perto da linha da pequena área do Inter tentando explorar a marcação com predominância individual que adota Coudet nos escanteios.
Chacho fez ajustes na forma de defender para a etapa final, mas, mesmo com a área bem preenchida, Nino conseguiu se livrar da marcação de Vitão e cabecear para Cano desviar para as redes no gol do 2 a 2. O Inter tinha naquele momento todos os seus jogadores na área contra três do Fluminense, o que não foi o suficiente.
O Inter foi superior na maior parte do jogo de ida, tendo mais finalizações totais e no alvo do que o Fluminense. No entanto, o a partida do Maracanã também mostrou pontos nos quais o Fluminense teve sucesso. Caberá a Coudet tentar minimizá-los para que o Colorado possa superar os cariocas e avançar à final da Libertadores.