O jogo de volta de um mata-mata, como Inter e Fluminense protagonizarão na quarta-feira, não é um encontro casto, mesmo que os times sigam em situação iguais após o 2 a 2 da semana passada. Se passaram 90 frenéticos minutos da disputa de um lugar na final da Libertadores. O que se verá às 21h30min no Beira-Rio são ecos do que aconteceu no Maracanã. Desde então, os treinadores tiveram uma semana para ponderarem sobre erros e acertos, satisfações e insatisfações ligadas à metade inicial do desafio.
Os recados surgidos do Rio para Eduardo Coudet são mais positivos do que negativos. O principal de tudo foi trazer a decisão da vaga para Porto Alegre sem estar em desvantagem, mesmo que um sabor agridoce, como disse o lateral Hugo Mallo após a partida, possa ter ficado por ter cedido a igualdade no placar apesar de os colorados terem um jogador a mais em campo durante todo o segundo tempo.
No Brasileirão, depois de 25 jogos, a distância entre Fluminense e Inter está em 12 pontos, o que dá uma dimensão das dificuldades. Diante de um time de características únicas, o Inter apresentou personalidade, maturidade e outros aspectos anímicos como lições positivas. A disposição da equipe, seja no sentido de estado de ânimo ou no da distribuição das peças em campo, foi destacada.
— De bom, teve a coragem que o Inter mostrou quando o jogo estava 11 contra 11, com personalidade e competência — avalia Maurício Saraiva, comentarista do Grupo RBS.
A coragem ressaltada permitiu com que o Fluminense não tivesse conforto mesmo com mais de 60 mil vozes o apoiando no Maracanã. Parte do incômodo foi causado pela velocidade com que a equipe de Coudet saía do campo de defesa para o campo de ataque. A movimentação de Valencia foi peça-chave da engrenagem.
— O principal foi jogar de igual para igual fora de casa. O Inter conseguiu deixar o Fluminense desconfortável dentro de casa, principalmente nas jogadas de transição com o Valencia — sublinha o ex-lateral Júnior, comentarista da Rede Globo no confronto.
A velocidade do equatoriano contrastou com a defesa mais lenta do time carioca. Repetir a exploração dos espaços nas costas de Nino e Felipe Melo é visto como um aspecto importante para voltar a criar problemas para Fabio.
— Uma das lições positivas é como foi efetivo o perigo que o Inter criou para o Valencia correr em profundidade em uma linha defensiva que não é rápida. O Inter conseguiu fazer em alguns momentos deixar a saída de bola do Flu desconfortável — enfatiza Carlos Eduardo Mansur, do SporTV.
A lição a ser aprendida é tão simples quanto complexa. Ela atende por quatro letras: C-A-N-O. O argentino foi o autor dos dois gols cariocas no duelo no Maracanã. Além dos arremates que terminaram na rede de Rochet, o centroavante do Flu teve outras duas oportunidades para finalizar.
— O ruim foi descuidar de Cano, que não desperdiça. Ou a bola não pode chegar a Cano ou ele não pode estar livre para concluir. No combo coragem/cuidado, é no segundo item que o Inter precisa avançar — alerta Saraiva.
Embora os 90 minutos estejam intimamente conectados com o início do jogo de quarta-feira, a partida será um novo capítulo, com novos contextos, novas disputas, outras características.
A expectativa, na visão de Junior, é de que o Inter terá de atacar com maior constância já que atua como mandante.
— Vai ser um jogo aberto, difícil para o Inter, mesmo jogando dentro de casa. O Fluminense joga bem quando é atacado, aproveitando-se da transição rápida com o Arias — analisa.
Mesmo que a partida de ida tenha deixado suas lições, um único duelo é muito pouco para se aprender todos os ensinamentos sobre um adversário. A quarta-feira será mais uma noite de aprendizados, mas, desta vez, somente um terá a oportunidade de utilizar os novos conhecimentos na final.