Quando se acerta a contratação de Eduardo Coudet sabe-se que foi contratada uma espécie de caixa fechada. Nela contém o modelo de jogo do treinador argentino, com um futebol agressivo de marcação adiantada e intensa. Para a partida contra o Bolívar, na terça-feira (22), o técnico colorado pensou fora da caixa para montar o time do Inter. Do vestiário do Estádio Hernando Siles emergiu uma escalação com três zagueiros.
Após o jogo contra o Fortaleza, no sábado (19), pelo Brasileirão, Coudet foi questionado sobre o quanto mudaria a sua equipe para enfrentar o Bolívar na altitude de La Paz. Com um sorriso amarelo, limitou-se a dizer que seria diferente. A mudança de esquema teve como objetivo evitar os efeitos da altitude. A vitória por 1 a 0 encaminhou a classificação às semifinais e levantou a questão se a ideia pode ser replicada em outros momentos da temporada.
Foi a primeira vez em suas duas passagens pelo clube em que o treinador começou jogando com três zagueiros, fugindo do seu tradicional esquema. A defesa atuou com Vitão, Mercado e Nico Hernández. Além deles, os alas Bustos e Renê pouco avançaram.
— Na Bolívia deu certo, o resultado mostra isso. Mas não pode ser o esquema de jogo do Inter, principalmente no Beira-Rio. Prefiro que o time jogue com uma linha de quatro com dois ou três atacantes, bem ofensivo. Até pode usar contra grandes adversários, mas não de maneira definitiva — pontua o ex-zagueiro Pinga.
Bicampeão da América e de longa vivência em esquemas com três zagueiros, Bolívar acredita que a estratégia pode ser repetida em outros momentos, dependendo do adversário. No sábado (26), contra o Flamengo, o ex-defensor acredita que seja uma das partidas em que o sistema com três zagueiros possa ser repetido.
Apesar de a diferença técnica entre o Bolívar e o time de Jorge Sampaoli ser do tamanho da Cordilheira dos Andes, existem duas características que fariam com que o encaixe fosse favorável. A equipe carioca troca muitos passes na região central do campo, área superpovoada pelos colorados com essa formação. A bola longa com os laterais é outra forma de ataque do próximo adversário.
— Acredito que esse esquema foi usado por ele para ter uma equipe mais compacta defensivamente, porque quando baixava as linhas de marcação, o Inter ficava em um 5-4-1. E você congestiona os lados de campo e o centro também. Então ele fica com um esquema que fica reativo e sai em velocidade nas transições. Dependendo da equipe que ele enfrente, pode repetir. O Flamengo pode ser que sim, pois é uma equipe propositiva e te dá a transição ofensiva que o Inter tem forte — analisa Bolívar.
Para o fim de semana, é improvável que a ideia se repita. Com o jogo de volta programado para terça-feira (29), Coudet deve poupar os seus principais nomes. No momento, além de Vitão e Mercado, o comandante colorado conta somente com Nico Hernández e Igor Gomes como opções para o miolo defensivo. Rodrigo Moledo cumpre suspensão preventiva por ter sido pego em exame antidoping por uso da substância ostarina. Uma alternativa para manter o sistema seria deslocar Renê para a zaga.
— Todos sabemos da estratégia do Chacho (Coudet), que gosta de atacar muito e pressionar alto. Ele foi inteligente. Temos jogadores muito competitivos, que se adaptam a qualquer estilo de jogo — destacou Nico, em entrevista ao Show dos Esportes, na quarta-feira (23).
Se o 3-5-2 voltará a entrar em campo com Coudet só o tempo dirá, mas o argentino demonstrou contra o Bolívar que é capaz de buscar alternativas fora de sua caixa de ideias.
Os números do trio em 2023
Vitão
- 39 jogos
- 0 gol
- tempo em campo: 3.379 minutos
- 15 vitórias
- 14 empates
- 10 derrotas
- gols sofridos pelo time: 42
Gabriel Mercado
- 28 jogos
- 2 gols
- tempo em campo: 2.434 minutos
- 11 vitórias
- 8 empates
- 9 derrotas
- gols sofridos pelo time: 31
Nico Hernández
- 15 jogos
- 1 gol
- tempo em campo: 1.101 minutos
- 6 vitórias
- 4 empates
- 5 derrotas
- gols sofridos pelo time: 18