Desde que houve a definição do Bolívar como adversário do Inter na Libertadores, o assunto da altitude tomou conta do dia-a-dia colorado. Quando entraram em campo no Hernando Silles, a 3,6 mil metros de altitude, os jogadores estavam confiantes de que era possível obter o que o clube nunca tinha feito em sua história: uma vitória em La Paz. GZH conta alguns detalhes de como foi a rotina colorada no vestiário.
Para alcançar o triunfo, o planejamento foi pensado cuidadosamente pela direção. A principal preocupação era com a condição física dos jogadores com os sintomas da altitude. Por isso, o clube providenciou que cilindros de oxigênio fossem colocados no vestiário e o equipamento foi utilizado pelos atletas tanto no intervalo da partida como após o apito final.
Em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, na última quarta (23), o zagueiro Nico Hernández relatou que o zagueiro Vitão foi um dos que mais sentiu sintomas no vestiário.
— É difícil, muitas vezes também é algo psicológico. Todos sentimos essa dificuldade. Porém, o Vitão eu vi que estava com mal-estar. Acho que todos estavam assim, mas não poderíamos demonstrar que estávamos. O grupo estava muito unido, focado e forte. Entre nós, nos demos forças para enfrentar o jogo da melhor maneira — contou.
Um detalhe curioso sobre os cilindros é que houve um reaproveitamento de alguns dos tubos que foram utilizados por Palmeiras e Athletico-PR, prática normal entre clubes do mesmo país que jogam na altitude em curto espaço de tempo. A medida também reduz o custo, já que todo o valor investido nestes equipamentos sai dos cofres do clube.
A mudança na logística, que fez a delegação chegar no local do jogo apenas cinco horas antes do início do confronto, também gerou uma pequena alteração na alimentação. Alguns dias antes da ida para a Bolívia, houve trabalho preventivo na suplementação dos jogadores para que eles tivessem melhores recursos físicos para atuar no Hernando Siles.
Além das alterações do protocolo e inclusão dos cilindros, houve acréscimo de mais um médico na delegação. Normalmente, apenas um viaja para acompanhar os jogadores e ficar à disposição para qualquer necessidade. Se precavendo pela chance de mais atendimentos simultâneos, viajaram com a delegação profissionais Guilherme Caputo e Flávio Dalbem.
Os relatos dos bastidores dão conta de que, no momento do desembarque em La Paz, os atletas não manifestaram nenhum tipo de desconforto pelo "mal de altura". O clube também tentou manter ambiente de normalidade, mesmo com mudanças importantes no que é o planejamento comum, para não afetar psicologicamente o grupo. Houve leitura de que não era positivo "assustar" os jogadores, a fim de que se mantivessem concentrados no jogo.
Após a partida, a comemoração efusiva dos atletas pela vitória postergou alguns sintomas da altitude. Alguns minutos após a reunião do vestiário, os jogadores começaram a fazer uso dos cilindros de oxigênio para recuperar o fôlego. Horas após saírem do estádio, no deslocamento para Santa Cruz de La Sierra, alguns atletas sentiram um pouco de tontura e dor de cabeça, mas nada que fosse considerado grave.
Com a vitória por 1 a 0 na altitude de La Paz, o Inter pode até mesmo empatar o jogo do Beira-Rio que garante classificação à semifinal. A partida de volta acontece na terça (29), às 19h. A expectativa é de 50 mil torcedores no estádio.