Sobreviver. A missão do Inter em La Paz foi atingida com grandiosidade. Enner Valencia balançou as redes aos 15 minutos do primeiro tempo, Rochet salvou lá atrás com importantes defesas e, quando não foi possível, o travessão esteve lá para impedir os gols do adversário. Com o gol do equatoriano, o Colorado garantiu o 1 a 0 diante do Bolívar e uma boa vantagem para definir uma vaga na semifinal da Libertadores ao lado de sua torcida, no Beira-Rio, às 19h da próxima terça-feira (29).
Um brasileiro vencer uma partida no Estádio Hernando Siles era caso raro, porém foi um fato superado pela maturidade do elenco do Inter para cumprir fielmente a estratégia cautelosa de Eduardo Coudet e resistir às investidas dos bolivianos e aos efeitos da altitude de 3,6 mil metros da capital boliviana.
Estes, aliás, foram motivo da maior parte dos debates que antecederam à partida. Falou-se em jogar recuado, de pressionar menos e ficar mais com a posse de bola. O que não se comentou foi a hipótese de Eduardo Coudet escalar três zagueiros, formação escolhida para começar o jogo no Hernando Siles. Desta forma, Nico Hernández ganhou espaço no time titular e Mauricio foi para o banco.
Na forma de jogar, destacou-se a maturidade do elenco para enfrentar as circunstâncias e suportar a pressão imposta pelo Bolívar, enchendo a área colorada de cruzamentos. Rochet foi fundamental em um milagre logo aos 10 minutos, quando o gaúcho Chico da Costa finalizou de dentro da área, a bola desviou no meio do caminho, pegou um efeito visto apenas no ar rarefeito, mas parou no goleiro uruguaio, que mandou para escanteio com a mão esquerda.
No esquema 5-4-1, o Colorado manteve sempre os jogadores próximos e, nos contra-ataques, usou e abusou de passes curtos, na busca de ficar com a posse o maior tempo possível e fazer a bola chegar em Enner Valencia, o único atacante. Aquele que disse não sentir a altitude e comprovou em campo.
Aos 15 minutos, após a bola passar por quase todos os jogadores colorados, Alan Patrick serviu o equatoriano. Mesmo cercado por três jogadores do Bolívar, Valencia invadiu a área em velocidade e chutou forte, no canto direito de Lampe: 1 a 0 Inter.
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Após o 1 a 0, não foi mais possível atacar. Se, antes, o Bolívar já colocava muitos jogadores no campo de ataque, a desvantagem fez o técnico Beñat San José mandar seu time avançar mais. As iniciativas foram sempre dos laterais Bejarano e Patito Rodríguez, com Chico e Bruno Sávio se aproximando para a criação de jogadas pela linha de fundo.
Foi um sufoco, mas a pontaria dos bolivianos não estava tão afiada. Aos 26 minutos, Rochet apareceu novamente defendendo finalização de Villamil. Um minuto depois, Ferreyra apareceu livre na área colorada e cabeceou muito perto da meta do goleiro uruguaio, que fez gol vista. Ainda houve um cabeceio de Bejarano, também livre na área, gerou um susto e causou uma forte discussão entre Mercado e Wanderson. Por fim, um forte chute de Chico que também foi para fora.
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O segundo tempo teve características semelhantes ao do primeiro, com o adendo de que, aos poucos, o Inter foi perdendo o fôlego. Antes disso, aos sete minutos, Valencia quase fez 2 a 0 quando recebeu belo passe de Aránguiz, venceu a marcação do Bolívar, mas deixou a bola escapar no momento do chute.
O time da casa, por outro lado, foi para o ataque total e insistiu nos cruzamentos para a área. Desta vez, porém, parou no travessão em duas cabeçadas do chileno Ronnie Fernández. Percebendo a queda de desempenho, Coudet sacou Alan Patrick e colocou Igor Gomes na lateral direita, passando Bustos para o meio-campo. Gabriel e De Pena também entraram para segurar o resultado. O técnico do Bolívar, por outro lado, aumentou seu poderio ofensivo com Uzeda e Villaroel.
O Inter da Libertadores é diferente
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A partir dos 36 minutos, entretanto, quem pareceu perder forças foi o Bolívar. Errando passes e desperdiçando jogadas no ataque, a equipe boliviana não estava conseguindo pressionar como antes. Os cruzamentos na área, de tanto perigo, começaram a ser precipitados. Enquanto isso, o Inter tentava escapar no ataque para marcar um segundo gol.
Nos minutos finais, um escorregão de Nico Hernández gerou uma ocasião de gol para Chico da Costa, porém o chute foi travado por Renê. Resistindo nos minutos finais, o Inter segurou o 1 a 0 que lhe dá uma boa vantagem para o jogo da volta.
Libertadores — Quartas de final (ida) — 22/8/2023
Bolívar
Lampe; Bentaberry, Ferreyra (Uzeda, 17’/2ºT) e Sagredo; Bejarano, Villamíl (Saucedo, 38’/2ºT), Justiniano (Villaroel, 25’2ºT) e Patito Rodríguez (Algañaraz, 38’/2ºT); Bruno Sávio; Da Costa e Ronnie Fernández. Técnico: Beñat San José
Inter
Rochet; Bustos (Gabriel, 32’2T), Mercado, Vitão, Nico Hernandez e Renê; Johnny, Aránguiz (Bruno Henrique, 41’2ºT) e Alan Patrick (23’2ºT); Wanderson (De Pena, 32’2ºT) e Enner Valencia (Luiz Adriano, 41’2ºT). Técnico: Eduardo Coudet
GOL: Enner Valencia, aos 15 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS: Renê, Mercado (Inter); Bentaberry e Villamil (B)
ARBITRAGEM: Darío Herrera, auxiliado por Ezequiel Brailovsky e Gabriel Chade (trio argentino). VAR: Germán Delfino (ARG).
LOCAL: Estádio Hernando Siles, La Paz-BOL
Próximo jogo
Sábado, 26/8 - 17h30min
Flamengo x Inter
Maracanã - Brasileirão (21ª rodada)