Se o Inter queria chegar na altitude boliviana com gás armazenado, animado e com confiança emanando de seu torcedor, o time de Eduardo Coudet fracassou no sábado (19), ao perder por 1 a 0 para o Fortaleza. Jogadores titulares precisaram ser utilizados para evitar a derrota. E a campanha no Brasileirão está cada vez mais próxima do pé da tabela, com o 14º lugar, e os colorados que foram ao Beira-Rio não esconderam sua insatisfação com o cenário.
Uma ideia do que será visto em La Paz saiu do confronto do fim de semana. O time teve somente três atletas que devem começar o duelo contra o Bolívar, na terça-feira (22). Mas Vitão, Mauricio e Rochet não foram suficientes para evitar a oitava partida sem vitória na competição nacional. Ao sofrer gol no começo do jogo e não encontrar soluções ofensivas, o treinador precisou lançar a campo alguns de seus principais nomes.
Renê e Wanderson jogaram um tempo inteiro. Aránguiz passou meia hora em campo — o chileno ainda está por ficar em campo durante uma partida inteira desde a sua volta. Alan Patrick entrou para ser a solução, sem sucesso, no último terço da etapa final.
A certeza é que nos altos dos 3,6 mil metros da capital boliviana se verá um time diferente. Nada da marca registrada das equipes do treinador argentino. Nada de alta intensidade. Nada de pressão alta nas redondezas da área do adversário.
— Vou falar da minha experiência de jogar na altitude, de jogar em La Paz. Você tem que estar muito atento porque não sabe o que vai acontecer desde que se chega no lugar. Tem que estar falando o tempo todo com os jogadores. Nenhum time joga da mesma maneira lá, porque não pode. É a verdade. Vai ser diferente, seguramente vai ser diferente — comentou.
O tom adotado de quem vive o vestiário é de que tudo será diferente no Estádio Hernando Siles. Não apenas em relação ao posicionamento dos jogadores em campo, mas também no aspecto o mental. Também há a promessa de que os vacilos servirão de aprendizado.
— Será um jogo diferente, uma equipe diferente. A altitude é diferente. Não podemos cometer os mesmos erros. Vamos ir com uma mentalidade diferente para vencer o jogo — resumiu o meia Mauricio.
Aprendizado
Coudet também contou sobre o seu aprendizado nesse seu primeiro mês de retorno em Porto Alegre. Ele relembrou do esforço que o time fez na derrota para o Cuiabá, também diante do torcedor colorado. Na sequência, o argentino sentiu que o desgaste cobrou seu preço no primeiro jogo contra o River Plate, na Argentina. Também enfatizou que, caso o confronto contra o Bolívar fosse na quinta-feira, como será o do Fortaleza pela Copa Sul-Americana, suas decisões teriam sido diferentes.
A questão é que a situação no Campeonato Brasileiro merece maior atenção. Sob o comando do treinador são 25% de aproveitamento em sete partidas. O índice cai para 13,3% em jogos nacionais. A única vitória foi na emblemática classificação sobre o River. Com 24 pontos, o Inter está a três da zona de rebaixamento — o Santos, primeiro no Z-4, tem 21. A última vitória na competição fará aniversário de dois meses em 25 de junho.
— A gente sabe que o cenário não é dos melhores. Fomos fortes no ano passado, mas nesse ano estamos deixando a desejar. Estamos tentando fazer os ajustes. Claro que não é bom perder, mas nos entregamos e fizemos o possível até o último minuto. Nem sempre quem cria mais sai com a vitória. É pedir desculpa para o nosso torcedor — avaliou o lateral Renê.
Na próxima rodada, o adversário será o Flamengo, no Maracanã. O discurso do comandante colorado foi similar ao do defensor. Porém, ele ressaltou que o momento é de dar prioridade para a "Liberta", como ele chama a Libertadores, onde há chance real de título.
— A Libertadores é uma ilusão (chance) real. Se não fosse a Liberta, estaríamos em uma situação diferente no Brasileiro. A verdade é que, hoje, não vamos ser campeões brasileiros — ponderou.
A logística até o embate contra o Bolívar teve treino no domingo (20) e terá outra atividade nesta segunda-feira (21). À tarde, embarque para o jogo de ida pelas quartas de final da Libertadores. A primeira parada será em Santa Cruz de la Sierra, mais próximo do nível do mar. Somente na terça-feira, dia do jogo, que a delegação subirá até os 3,6 mil metros de La Paz.