O sorteio da Copa do Brasil, em tese, foi bom para o Inter. Com chances de ter pela frente o Sport ou alguém do interior paulista, como Ituano e Botafogo de Ribeirão Preto, a bolinha que caiu no caminho colorado foi a do CSA. O problema, entretanto, tem sido dentro da própria casa. Praticamente todas as últimas eliminações foram para equipes de divisões menores e com qualidade reconhecidamente inferior. Por isso, ligou-se o alerta no Beira-Rio para as armadilhas que um confronto assim pode apresentar.
No clube, o entendimento é de que não houve uma questão psicológica determinante na queda do Inter para o Caxias. A compreensão foi de que se tratou de uma partida na qual o time criou chances, teve oportunidades e não converteu. E que, nos pênaltis, o goleiro adversário defendeu uma cobrança. Nas palavras do treinador:
— Não entendo porque sempre é assim, sempre que erram pênalti colocam a culpa no psicológico. Futebol é assim, é duro e temos que ter força para suportar esses momentos e não apontar um culpado. Alguém iria errar um pênalti.
Mano já teve participação de psicólogos em experiências anteriores. Há registros da presença desses profissionais nos tempos de Corinthians e também na Seleção. Em entrevistas antigas, reconheceu a importância desses trabalhos, apesar das dificuldades dos atletas em aceitarem a interferência de alguém alheio à comissão técnica. No Inter, não há, ao menos até agora, qualquer participação. O trabalho de recuperação tem sido feito no dia a dia. O zagueiro Vitão comentou que o importante, a partir de agora, é mudar o foco da eliminação do Gauchão para o futuro da temporada:
— A gente tem de virar a chave porque sabe que é uma competição diferente. Por exemplo, algumas faltas que tem aqui (no Brasil), na Libertadores não tem. Então, é virar a chave. Acho que estamos preparados e vamos fazer de tudo para desempenhar um bom futebol e sair da Colômbia com a vitória.
O que recai sobre o Inter é o peso do período sem títulos. Não especificamente sobre os jogadores, já que houve uma grande mudança na fotografia. Do time que perdeu para o Globo-RN, por exemplo, na Copa do Brasil passada, sobraram apenas Bustos, Johnny e Mauricio. Mas, institucionalmente, o clube sofre com a seca.
Há dois reflexos. Um é entre os dirigentes. Desde que assumiu, a atual gestão disputou três Gauchões e não foi nem sequer à final de dois. Vale o mesmo pela frustração da queda na Copa Sul-Americana para o Melgar. O vice-campeonato brasileiro até reduziu a turbulência, mas a quebra de expectativa pela eliminação no Gauchão fez tudo retornar.
Há também pressão das arquibancadas. Ao menor sinal de problema, as vaias crescem, os torcedores se irritam e deixam o ambiente inseguro. E isso é algo a ser contornado pela direção, em busca de um caminho mais harmônico na Libertadores e nas demais competições de 2023.
Eliminações doloridas
Copa do Brasil 2020
Enquanto brigava pelas primeiras posições no Brasileirão e ainda estava envolvido com a Liberadores, o Inter foi eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil para um time de Série B, o América-MG. No jogo de ida, na estreia de Abel Braga, o time gaúcho foi surpreendido no Beira-Rio pelos mineiros, que venceram por 1 a 0. Na volta, no Independência, o Inter devolveu o placar, mas caiu nos pênaltis.
Copa do Brasil 2021
Depois de vencer o Vitória por 1 a 0 no Barradão, o Inter caiu na terceira fase do torneio ao perder o jogo de volta, no Beira-Rio, por 3 a 1 para um time que seria rebaixado à Série C na mesma temporada. A eliminação precipitou a demissão do técnico Miguel Ángel Ramírez
Libertadores 2021
Já com Diego Aguirre no comando, o Inter foi eliminado na oitavas de final nos pênaltis, no Beira-Rio, para o Olimpia, um tradicional time sul-americano, é verdade, mas que na fase de grupos havia sofrido uma histórica goleada por 6 a 1 em Porto Alegre e perdido para o Colorado por 1 a 0 em Assunção.
Copa do Brasil 2022
De longe, a eliminação mais constrangedora do Inter nos últimos tempos. Diante de um adversário da Quarta Divisão Nacional, o time então comandado por Cacique Medida foi derrotado pelo Globo por 2 a 0 no Rio Grande do Norte, em jogo único, logo na estreia da competição.
Copa Sul-Americana 2022
Outro adversário pouco conhecido, outra eliminação nos pênaltis no Beira-Rio. Depois de dois empates com o Melgar em 0 a 0, em Arequipa e em Porto Alegre, o time já treinado por Mano Menezes caiu nas quartas de final com três cobranças desperdiçadas (Taison, Edenilson e De Pena) e apenas uma convertida.
Gauchão 2023
Mesmo com o cartaz de atual vice-campeão brasileiro e de ter mantido a base do time do ano passado, o Inter não foi capaz de vencer o Caxias no Estadual — foram três empates, um na fase de classificação e dois nas semifinais — e ficou de fora da decisão do campeonato ao perder mais uma disputa de pênaltis no Beira-Rio, diante de mais de 35 mil torcedores.