O Gre-Nal terminou amargo para o Inter. Os gols sofridos nos minutos finais de cada tempo marcaram mais uma derrota na casa gremista. O 2 a 1 pode até não ter mexido na tabela do Gauchão, já que precisa apenas de uma vitória sobre o praticamente rebaixado Esportivo, em casa, no sábado. Mas um clássico sempre deixa lições.
E, desta vez, foram lições claras. A formação escolhida por Mano Menezes, com Baralhas no meio-campo titular, foi a principal do lado negativo, somada à postura mais retrancada. Além disso, más exibições individuais, como a de Carlos De Pena e a de Pedro Henrique, pesaram.
Mas nem tudo foi má notícia: a retomada do time habitual no segundo tempo melhorou o time, dando indícios de que a ideia não pode ser mexida. A entrada de Matheus Dias e a boa exibição de Wanderson deram esperança ao time para a sequência da temporada.
A seguir, veja alguns ensinamentos que o clássico passou para o Inter.
O que deu errado
Postura defensiva
Foi consenso entre torcedores, analistas e até Mano Menezes que o Inter exagerou na cautela para enfrentar o Grêmio. A escalação de um meio-campo mais recheado não só trouxe como consequência a já esperada diminuição de potência ofensiva, mas também pouco contribuiu na marcação.
— A escolha (de um jogador mais defensivo) ocorreu pelo mesmo motivo que vocês da imprensa falavam sobre a questão numérica do meio-campo do adversário, que tinha três meias. Que deveríamos propor uma maneira de neutralizar esta movimentação qualificada do Grêmio. Precisávamos mais um jogador ali. Foi o que fiz.
Para o comentarista colorado Vini Moura, uma das vozes identificadas do Grupo RBS, esse foi o maior erro de Mano:
— Foi uma postura cautelosa demais. O Inter entrou respeitando exageradamente o Grêmio, que tem um fraco sistema defensivo.
Opção por Baralhas
Era voz corrente que o Inter precisava fortalecer o meio, especialmente porque o Grêmio preenche o setor com cinco jogadores. Mas a opção de Mano Menezes por Baralhas foi bastante contestada. Matheus Dias, por exemplo, que entrou no segundo tempo, conseguiu ser mais dinâmico.
Mano evitou criticar o jogador:
— Escolhi Baralhas, acho que fez um bom jogo. Nem de longe teve culpa nas dificuldades que tivemos no primeiro tempo.
Para o narrador da Rádio Gaúcha Gustavo Manhago, o excesso de cautela cobrou o preço:
— A escalação foi medrosa, tendo Baralhas ao lado de Johnny, em detrimento à manutenção de Mauricio. O Inter escapou de ser goleado no primeiro tempo.
Desatenções em clássico
Gre-Nal se decide em detalhe, isso todo mundo sabe. No caso do Inter, por mais que tenha sido atacado, e por algumas vezes escapou de levar gols, acabou vazado em lances em que claramente faltou atenção. Especialmente por se tratarem de acréscimos.
Paulo César Vasconcelos, que comentou o jogo no Premiere, afirmou:
— O primeiro gol saiu porque dois jogadores foram em cima do Cristaldo. Precisa ter mais atenção na movimentação dos jogadores sem a bola. Isso é trabalho também. O Inter enfrentou uma equipe que se movimenta sem a bola. O maior desafio é desenvolver nos jogadores a atenção.
O próprio Mano havia admitido essa falha:
— Sempre levamos algo. Hoje faltou um pouco de maturidade de equipe. O que ocorre no fim é muito duro. O jogo acabou. Os dois tempos tinham acabado. É sempre muito amargo. O Grêmio mereceu o 2 a 1, mas é duro.
O que deu certo
As mudanças
O ditado futebolístico "Escala mal, mexe bem" fez sentido no Gre-Nal. Com a derrota no intervalo, Mano tirou Baralhas (lesionado) e De Pena (de má atuação) para colocar Matheus Dias e Mauricio. Mais leve, o Inter voltou a atacar, cresceu no jogo, chegou ao empate e parecia até que iria virar o placar.
Gustavo Manhago afirmou que este foi o acerto do técnico colorado no clássico:
— A correção da desastrada escalação no intervalo. As entradas de Mauricio e Matheus Dias melhoraram o time como um todo e tornaram Alan Patrick um dos destaques.
Mano explicou as trocas:
— Tínhamos de mexer. Baralhas tinha um cartão (amarelo). Coloquei o Dias. Coloquei o Mauricio. A equipe conseguiu ter mais condução de bola. Tivemos o mérito de chegar ao empate. (Depois) Tivemos boas oportunidades. O Grêmio também teve. Não teve injustiça (no placar).
Naturalidade de Matheus Dias
A estreia de Matheus Dias em Gre-Nal foi natural. O jovem volante não pareceu ter sentido o peso do clássico e, teoricamente, subiu mais um degrau rumo à titularidade.
Em 45 minutos, deu 21 passes (e acertou 18), desarmou uma vez, intercedeu outra, cometeu uma falta e levou um drible. Na comparação com Baralhas, até desarmou menos, mas deu mais passes e foi dinâmico.
— Matheus Dias não deveria ter entrado no intervalo. Era para ter sido titular. E não só ele, Mauricio também. Isso teria mudado totalmente a história do Gre-Nal — afirmou Vini Moura.
Volta de Wanderson
Wanderson foi uma notícia importante para Mano Menezes. O camisa 11 fez um bom Gre-Nal, sendo o responsável pela maioria dos ataques do Inter. Para Paulo Cesar Vasconcelos, faltou aos colorados acionar ainda mais o jogador:
— A formação que Mano levou a campo é coerente como ele pensa futebol. Tentou bloquear o meio do Grêmio e atacar com velocidade. O problema foi ter esquecido, apesar dos pedidos do Mano, do jogador que desestabilizaria o Grêmio, Wanderson. Pedro Henrique jogou em cima de Kannemann, que saía para o dar o bote, e perde eficiênica quando sai da área.
Wanderson deve ganhar sequência, já que Pedro Henrique está suspenso para a próxima partida. E, ao lado do camisa 11, deverá estar Luiz Adriano.