Há uma clara mudança de hierarquia no Inter. Desde a queda para o Melgar pela Copa Sul-Americana, o time teve mudanças em duas posições do meio-campo e a consolidação de um atacante. Essas novidades mexeram em peças importantes, algumas que envolveram até um certo investimento da direção colorada.
As duas alterações são no meio-campo. E ambas envolveram trocar jogadores mais experientes por jovens em ascensão. Edenilson (32 anos) e Alan Patrick (31) deram lugar a Johnny e Mauricio, os dois nascidos em 2001. No ataque está a outra ponta da hierarquia, que também rejuvenesce o time: Alemão está sólido como centroavante titular, mesmo com as contratações de Braian Romero e Mikael.
Essas substituições reduziram a média de idade do time de 29,1 anos (registrada no jogo contra os peruanos) para 26,5 nas partidas do Brasileirão. A equipe mais jovem deu mais força, mais vitalidade e, também, resultados. Desde o 0 a 0 com o Melgar, foram duas vitórias, sendo uma por goleada contra o Fluminense, atual vice-líder do Brasileirão.
Essas mudanças foram encaradas com naturalidade, segundo Mano Menezes. O treinador, na última entrevista coletiva, explicou a manutenção de Johnny e Mauricio entre os titulares mesmo com a recuperação de Edenilson e Alan Patrick:
— Achei justo manter a escalação inicial. O treinador passa muitas coisas para os jogadores. Nós saímos de uma eliminação, tínhamos um jogo muito difícil e a equipe teve uma atuação impecável contra um adversário muito difícil. Não posso desconsiderar isso. Chamei os dois jogadores que ficaram de fora, expliquei e eles entenderam.
Veja, a seguir, os novos titulares do Inter e suas situações atuais.
Johnny x Edenilson
O começo dessa mudança se deu mais por uma queda técnica de Edenilson do que pela ascensão de Johnny. Até porque o jovem, em teoria, vinha sendo mais primeiro volante do que meia mais avançado e seus desempenhos não mereciam tantos elogios assim. Ele cumpria o que lhe era pedido, mas parecia sempre faltar um detalhe que fizesse dar o salto, como as chances desperdiçadas contra Athletico-PR e São Paulo, que poderiam ter sido transformadas em gol e virado mais quatro pontos para o Inter.
Ainda assim, Johnny se readaptou à função na qual apareceu no futebol e não deixou saudade com a saída do camisa 8. Depois da eliminação para o Melgar, na qual Edenilson ficou marcado pela torcida especialmente pelo pênalti perdido, o brasileiro naturalizado norte-americano entrou no time fazendo tarefas mais ofensivas, ora aberto pela direita, ora centralizado e, com dinamismo e força, ganhou lugar e não saiu mais.
Mano, porém, não descartou Edenilson, inclusive pretende já colocá-lo em campo na segunda-feira, mesmo que não seja como titular. O técnico descartou a ideia de só utilizá-lo fora do Beira-Rio para evitar possíveis hostilidades da torcida. Enquanto isso, elogiou Johnny pelo dinamismo e pela força. O meia agradeceu:
— Não tem preço escutar isso de um técnico que é vitorioso, que tem uma história muito positiva dentro de futebol. Obviamente, isso me dá confiança e me deixa mais tranquilo para que eu possa me sentir à vontade dentro de campo.
Mauricio x Alan Patrick
É indiscutível a qualidade de Alan Patrick. Quando está em campo, consegue dar ritmo ao jogo, cadencia e acelera de acordo com a necessidade do momento, encontra espaços pouco vistos e tem criatividade para furar barreiras. O problema é que, para isso, necessita estar em boa condição física, algo que não conseguiu nesse retorno ao Inter. O camisa 10 tem sido um armador de alguns minutos. Foi nessa brecha aí que Mauricio cresceu.
Nesse caso, aliás, os dois fatos coincidiram: a questão física de Alan Patrick apareceu ao mesmo tempo do melhor momento de Mauricio, cuja partida modelo foi contra o Atlético-MG no Beira-Rio. O meia canhoto, 10 anos mais jovem, aguentou o tranco também na partida diante do Avaí, uma das mais disputadas e ríspidas do Brasileirão. Foi ele quem desgastou os jogadores do clube catarinense até que Alan Patrick entrasse. Suas apresentações recentes deixaram ainda mais incógnitas por não ter sido escolhido para jogar alguns minutos que fosse diante do Melgar.
Contra o Juventude, completará a partida de número 99 pelo Inter. Diante do Corinthians, na próxima semana, a centésima. Vive, agora, seu melhor momento pelo clube desde a chegada de Mano.
— Tive um aproveitamento muito bom no Gauchão, que foi o que me deu confiança e condições melhores. Ritmo de jogo também. No Brasileirão perdi espaço, mas nunca deixei de trabalhar, pois sabia que poderiam surgir novas oportunidades. Esperei minha hora chegar. Quando chegou, consegui aproveitar bem — declarou.
Alemão x Braian Romero/Mikael
Não chega a ser uma mudança, mas sim uma afirmação. Contratação menos badalada do Inter, Alemão, o centroavante que veio do Novo Hamburgo, não é ameaçado pelos concorrentes que vieram do River Plate (Braian Romero) e da Salernitana (Mikael). Ausente no jogo final da Copa Sul-Americana pela expulsão na partida anterior, ele fez falta ao time, que não conseguiu marcar apesar de ter pressionado os peruanos.
Alemão recuperou lugar no time, fez gol contra o Fluminense, disputou o que pôde contra o Avaí e se garantiu por mais um período como titular. Até porque Braian Romero ainda não fez gol e Mikael carece de melhor forma física. Ele receberá, segundo Mano Menezes, novas oportunidades quando estiver em uma condição mais adequada, o que pode ocorrer nesta segunda-feira, contra o Juventude.