As vitórias sobre Flamengo e Goiás que consolidaram o Inter como integrante do G-4 e colocaram o clube como postulante a brigar pela liderança do Brasileirão vieram com diferentes montagens no meio-campo. Variando formações, o técnico Mano Menezes mostrou nas duas partidas que tem conseguido dar repertório ao time que chegou ao 14º jogo de invencibilidade sob seu comando.
Logo que chegou ao Inter, Mano emendou uma sequência de cinco partidas entre meios e finais de semana. A primeira semana livre para treinamentos veio antes de enfrentar o Corinthians, em 14 de maio, pela sexta rodada do Brasileirão. A partir daquele jogo, que marcou a estreia de Alan Patrick como titular, o Colorado teve uma estrutura de equipe que defendia com duas linhas de quatro deixando a camisa 10 junto a David à frente delas. Posicionado pelo lado direito do meio-campo na fase defensiva, Edenilson ganhou liberdade para aparecer por dentro nos momentos de ataque. A colocação de Carlos de Pena como volante ajudou a dar equilíbrio ao time. Essa movimentação foi explicada em vídeo no Desenho Tático de GZH.
Esse padrão tático foi mantido apesar de algumas mudanças de escalação até o empate em atuação com pouco brilho com o Atlético-GO, em 30 de maio. Após aquele 1 a 1 frustrante diante da torcida, Mano Menezes citou na coletiva a dificuldade que De Pena havia encontrado para jogar e alertou que os adversários estavam atentos para a importância do uruguaio dentro do funcionamento de sua equipe.
— Não podemos esquecer que o adversário do outro lado tem méritos e já começou a estudar. Hoje, por exemplo, o Pena teve dificuldade para armar por dentro, porque os outros estudam também a gente. O Marlon Freitas (volante do Atlético-GO) sempre esteve muito próximo do Pena, que jogou de costas, devolveu a bola para trás e o time não conseguiu transitar com a mesma qualidade de armação que teve nos outros jogos. Então, já é um problema novo que temos de resolver. Temos que encontrar novas soluções e isso é natural — avaliou o treinador.
Já na partida seguinte, contra o Bragantino, Mano deixou De Pena no banco e montou o time com dois volantes mais marcadores juntando Gabriel e Dourado. A ideia, porém, não surtiu efeito e o Inter foi dominado pelos paulistas durante todo o primeiro tempo. A vitória por 2 a 0 foi construída nos acréscimos já com a formação desmanchada e Carlos de Pena em campo. O uruguaio foi o autor do segundo gol, de pênalti, e apontado como um dos responsáveis pela melhora da equipe na etapa final.
Assim, o treinador seguiu sua busca por uma nova formação e, três dias depois, na Vila Belmiro contra o Santos, variou o posicionamento do meio-campo mantendo as duas linhas de quatro na fase defensiva, mas com Edenilson sendo o volante ao lado de Gabriel enquanto De Pena acabou escalado aberto pelo lado esquerdo (Wanderson estava suspenso). O quarto integrante dessa linha foi Pedro Henrique, escalado aberto pelo lado direito.
Trinca de "volantes" contra o Flamengo
Com Edenilson suspenso, Mano Menezes voltou a escalar Gabriel e Dourado juntos na vitória de 3 a 1 sobre o Flamengo. O treinador, porém, não montou o time com uma dupla de volantes e sim um trio tendo De Pena alinhado a eles. Assim, o time se defendeu no 4-3-3 tendo Alan Patrick centralizado com David à direita e Wanderson à esquerda do ataque.
Nos momentos de posse de bola, o camisa 10 tinha liberdade para recuar e armar o jogo por trás dos atacantes. A ideia funcionou perfeitamente no primeiro tempo, quando o Inter abriu 2 a 0 tendo Alan Patrick e Wanderson como peças principais.
Volta das duas linhas de quatro na fase defensiva
Para enfrentar o Goiás, na quarta-feira (15), Mano teve a volta de Edenilson, mas De Pena virou desfalque por suspensão. O meio-campo ainda teve a entrada de Johnny no lugar de Dourado, negociado com o Atlético de San Luis-MEX. O treinador colorado voltou a mexer no desenho tático do meio-campo retornando para a formação com linha de quatro no setor. Johnny e Gabriel formaram uma dupla de volantes com Wanderson pela esquerda e Edenilson pela direita sem a bola. Na fase ofensiva, o camisa 8 teve liberdade para atuar centralizada, como aconteceu no gol que abriu o placar da partida logo aos sete minutos.
— O grande mérito tem sido a forma como ele tem se adaptado a cada adversário. Me parece que isso pode ser influência da escola portuguesa, ele teve as licenças da Uefa tiradas lá em Portugal. Pegando como exemplo esses dois últimos jogos, contra o Flamengo ele utilizou o Dourado na hora de defender por dentro. Por que isso? Porque o Flamengo jogava muito por dentro, o lateral-esquerdo Filipe Luís não subia muito. Isso garantiu igualdade numérica com Gabriel, De Pena e Dourado e ao mesmo tempo liberou Wanderson para defender mais alto com David e Alan Patrick. Contra o Goiás, que joga com alas, a estratégia mudou com o Edenilson jogando pelo lado direito e na fase defensiva um 4-4-2 tendo o Edenilson pela direita, e o Wanderson pela esquerda mesmo que em alguns momentos houve a liberação para o Wanderson jogar um pouco mais nas costas do adversário — avalia o analista tático do Footure Gabriel Corrêa.
— O grande mérito do Mano tem sido justamente variar repertório e como ele se adapta muito bem a cada jogo. Isso mostra o que ele sempre foi na carreira: um grande estrategista. Ele está sabendo potencializar as peças — completa Gabriel Corrêa.
Novas mudanças para encarar o Botafogo
Para o compromisso contra o Botafogo, no próximo domingo (19), às 18h, no Beira-Rio, o Inter deverá ter novas mudanças no meio-campo já que Carlos de Pena voltará à ficar à disposição. Ainda em Goiânia, após a vitória sobre o Goiás, Mano evitou projetar a escalação para o final de semana, mas deixou o alerta de que o posicionamento escolhido levará em conta o adversário.
— Vamos comemorar a vitória, vamos por partes. Acho que é importante tudo que a gente conquistou e depois vamos começar a pensar (no próximo jogo). Cada jogo tem suas características. Hoje (quarta-feira) era um momento de estabilidade, depois de uma vitória importante contra o Flamengo, manter isso, nesta hora. Então, exigia um pouco de força física. Era um time alto e eu optei pelo Johnny porque ele também dava esta estatura para a gente disputar a maioria destas bolas. Em outra situação, serão avaliados outros quesitos. Importante é quem entrar, entrar bem e dar conta do recado — explicou o treinador colorado na entrevista concedida no Estádio da Serrinha.
Independente do desenho tático, os colorados que irão ao Beira-Rio no domingo esperam que Mano Menezes possa levar o time a mais uma vitória para o Inter seguir olhando para o topo da tabela do Brasileirão.