A saída de Rodrigo Dourado, anunciado oficialmente pelo Atlético de San Luis, na noite desta quarta-feira (22), dois meses após a aposentadoria de Andrés D’Alessandro representa mais um capítulo de mudança na hierarquia dos capitães do Inter. Com Taison tendo perdido a titularidade, Edenilson vem carregando a faixa, que foi usada por Gabriel quando o camisa 8 não esteve à disposição de Mano Menezes.
A faixa de capitão no braço de D’Alessandro foi um símbolo no Beira-Rio ao longo de quase uma década. Desde 2012, quando Bolívar perdeu espaço no time titular e deixou o clube no final daquele ano, o argentino sumiu o status de capitão colorado, o que seguiu até sua primeira saída do Inter, em 2016, quando foi emprestado ao River Plate.
Sem D’Ale, Alisson assumiu a braçadeira na conquista daquele Gauchão, mas o goleiro deixou o clube no meio da temporada, negociado com a Roma. Na campanha do rebaixamento da Série B, Paulão e Ernando alternaram-se como capitães na maior parte do Campeonato Brasileiro já que os experientes Alex e Ceará eram habitualmente reservas.
D’Alessandro retornou em 2017, temporada que o Inter iniciou com Antônio Carlos Zago como treinador. Com a experiência de ter sido um jogador de destaque no futebol europeu, o ex-zagueiro trouxe do Velho Continente a cultura de ter um vice-capitão definido. Assim, Dourado passou a ser o dono da braçadeira nas partidas nas quais D’Ale não estivesse campo.
— Ficou estabelecido que o D’Ale é o capitão e o Dourado o vice. É hora de ele assumir a responsabilidade, tem uma história bonita no clube e passa a ter uma liderança diferente — anunciou Zago mostrando que queria dar também um papel de importância na liderança do elenco para Dourado, então com 22 anos.
Rodrigo Dourado seguiu como esse segundo capitão do Inter tendo a faixa no braço com maior frequência quando D’Alessandro perdeu a condição de titular no time de Odair Hellmann durante parte da campanha do Brasileirão de 2018. Em 2019, D’Ale, já com 38 anos, alternava entre titularidade e banco e o volante foi se consolidando ainda mais como capitão, condição que só foi perdida durante o longo período no qual esteve afastado do time por lesão entre julho de 2019 e outubro de 2020.
De Dourado para Taison
Dourado retornou da lesão na reta final do Brasileirão de 2020 e reassumiu o posto de capitão colorado. Ele perdeu a condição de ser o dono da braçadeira quando Taison retornou ao Beira-Rio, em abril do ano passado. Ainda assim, o volante seguiu com a faixa nas ausências do camisa 7. Além de Taison e Dourado, Edenilson, Marcelo Lomba e Victor Cuesta foram capitão ao longo do último Brasileirão, uma lista que mostra a clara mudança na fotografias das lideranças do elenco.
Além de D’Alessandro - que retornou no começo do ano apenas para disputar o Gauchão e encerrar a carreira -, Dourado, Lomba e Cuesta também deixaram o Beira-Rio. Taison segue com a condição de capitão quando titular, o que não tem acontecido e, por isso, Edenilson tem levado a faixa no braço.
Outros nomes, porém, passaram a ganhar protagonismo na liderança do grupo. O volante Gabriel, que foi capitão contra o Flamengo, quando Edenilson estava suspenso, é um exemplo. Dourado foi titular naquele jogo, mas Mano fez a ressalva de que quis preservar o camisa 13, que fez diante do Rubro-Negro sua despedida.
— Naturalmente, o Dourado deveria usar a braçadeira, mas eu achei que era um peso desnecessário em função de tudo que passamos nos últimos tempos. Já recuperamos o jogador, ele foi aplaudido pelo torcedor, e é isso que queremos. Pensei que podia passar a braçadeira para o Gabriel porque é um exemplo de profissional. Ele serve para muitas coisas que defendemos, trabalha muito, quando saiu do time, não disse uma palavra, manteve a mesma seriedade e dedicação. São exemplos que estão aí para todos verem, não se precisa falar. E a braçadeira ficou bem nele — argumentou Mano.
A liderança que Gabriel tem exercido no elenco do Inter é elogiada nos bastidores. Além dele, outro nome visto como um líder discreto é Gabriel Mercado, caso semelhante a Carlos de Pena. O zagueiro Rodrigo Moledo, de volta após lesão e no clube desde 2018, está na fila de capitães de Mano Menezes de um Colorado com elenco reformulado. Uma reformulação que também atingiu as lideranças do Beira-Rio.