O segundo tempo da partida entre Inter e Corinthians, no sábado (14), foi interrompido por conta de um suposto caso de injúria racial. O lance ocorreu por volta dos 30 minutos, quando o volante Edenilson acusou o lateral-direito Rafael Ramos, do Corinthians, de tê-lo chamado de "macaco".
Em entrevista ao Domingo Esporte Show, da Rádio Gaúcha, neste domingo (15), Marcelo Carvalho, diretor do Observatório da Discriminação Racial do Futebol, comentou o caso e destacou a atitude do atleta colorado. Ele também citou os insultos sofridos pelo técnico do Aimoré, Edinho Rosa, em jogo contra o São Luiz, na Série D, no fim de semana. Segundo o clube de São Leopoldo, o torcedor envolvido foi identificado e encaminhado à delegacia.
— Estamos vendo uma mudança de atitude dos jogadores. Isso é essencial no combate ao racismo. Estamos tendo uma maior consciência dos torcedores e dos jogadores. O Edenilson até disse isso. Ele entendeu que precisava falar, mesmo não sabendo como se posicionar. No caso do treinador do Aimoré, ele teve atitude de chamar o árbitro e relatar o caso. Nós estamos tendo uma consciência maior, do jornalismo esportivo também — ressaltou.
Após prestar depoimento e registrar ocorrência, Edenilson se manifestou, por meio de nota nas redes sociais. No texto, ele reafirmou ter ouvido ofensas de cunho racial e se desculpou por "não estão preparado para reagir".
— Isso me bateu. Me senti impotente e triste, com vontade de abraçar o Edenilson. Ele mostrou o quanto é difícil para uma pessoa negra denunciar um caso de racismo. As pessoas pensam que é fácil. Quando ele escreve, ele faz todo esse apanhado, de alguém que já ouviu a fala sobre outros jogadores que denunciaram. Falando que eles deviam apenas jogar futebol ou que era vitimismo. Ele reafirma o que ouviu e também pediu desculpas por saber que as pessoas estariam comentando se foi verdade ou não — pontuou Marcelo Carvalho, que falou a respeito da importância do acolhimento à vítima no momento da denúncia:
— Isso mostra o quão dolorido é, para uma pessoa negra, denunciar o racismo. Se o Edenilson, que é um jogador de futebol de um grande clube, com uma representatividade grande, chega a pedir desculpas, imagina o que acontece com outra pessoa que sofre racismo no dia a dia. Esse é o ponto principal do debate.