A escolha da Associação Uruguaia de Futebol (AUF) por Diego Alonso para comandar a seleção do Uruguai na reta final das Eliminatórias para a Copa do Mundo teve impacto direto no Beira-Rio. Diego Aguirre confiava na possibilidade de ser escolhido como novo técnico uruguaio — assim como o clube gaúcho. Com decisão da AUF, a direção do Inter precisou negociar a rescisão do contrato do treinador, que ia até o final de 2022, acordo que foi feito na noite de quarta-feira (15) e deve ser anunciada ao longo desta quinta (16).
A saída de Diego Aguirre começou a ser desenhada ainda em outubro, quando Óscar Tabárez balançou no cargo no Uruguai após as goleadas sofridas para Argentina e Brasil. O treinador colorado foi apontado como principal nome para assumir sua seleção. Tabárez seguiu por mais um mês, em período que culminou na queda de rendimento do Inter, que venceu apenas um dos últimos oito jogos do Brasileirão, o que fez a direção definir por uma mudança de trabalho, independentemente da escolha celeste. O longo tempo para contratar seu novo treinador levou a AUF a avaliar diferentes nomes. Depois da negativa do argentino Marcelo Gallardo, Diego Alonso foi anunciado na noite de terça-feira.
Ainda antes de acertar a saída de Aguirre, o Inter vinha se mexendo para contratar o seu substituto. No momento, dois nomes que trabalham na Argentina despontam na preferência dos dirigentes gaúchos. São eles o uruguaio Alexander Medina, "El Cacique", do Talleres, de Córdoba, e o argentino Eduardo Domínguez, do Colón, de Santa Fe.
Os dois agradam ao clube por praticarem um futebol ofensivo, mas em modelos de jogo completamente diferentes do espanhol Miguel Ángel Ramírez — aposta no início da temporada e que acabou demitido ainda no primeiro semestre. Tanto Medina quanto Domínguez são treinadores que buscam o ataque de forma mais direta, com passes rápidos e até usando de ligações diretas para saltar linhas em alguns momentos. Na fase defensiva, os dois se assemelham ao que fazia Eduardo Coudet em sua passagem pelo Beira-Rio, em 2020: marcação alta e intensidade na ocupação dos espaços.
Medina e Domínguez já foram observados pelo Inter logo após a demissão de Ramírez, em junho, mas ambos tinham contratos vigentes e não se mostraram abertos a rescindir naquele momento. A situação, agora, é diferente.
O vínculo de Medina vai até 31 de dezembro, e ele já encerrou sua temporada com o Talleres. Na semana passada, o clube de Córdoba perdeu a final da Copa Argentina para o Boca Juniors, nos pênaltis. No Campeonato Argentino, o Talleres terminou em terceiro lugar, a oito pontos do campeão River Plate. A direção do Inter buscou informações com profissionais que trabalharam no clube que acompanharam o trabalho de Medina no Talleres. Um deles foi o meia Andrés D'Alessandro, que fez elogios ao profissional.
A situação de Domínguez é um pouco diferente da de Medina. Ele ainda terá neste sábado um compromisso pelo Colón, que enfrentará o River Plate no Troféu dos Campeões, competição disputada em jogo único e que reúne os dois últimos campeões argentinos. "El Barba", como é apelidado o ex-zagueiro que fez sucesso como jogador no Huracán, tem contrato até o final de 2022, mas com uma cláusula que permite a saída no final deste ano sem pagamento de multa.
— Eduardo Domínguez alcançou um feito importante ao levar o Colón ao primeiro título de sua história e ano que vem terá a Libertadores. Será preciso apresentar um projeto que lhe convença a sair — afirma Nicolás Mai da Rádio Cadena 3, de Santa Fe.
A indefinição sobre o treinador causa impacto na reformulação do grupo planejada pela direção do Inter já que a ideia é de que o novo técnico dê aval para a chegada de reforços. A tendência é de que só seja anunciada alguma contratação antes do treinador se for o caso de um jogador considerado incontestável dentro do planejamento do clube.