A vitória do Inter sobre o Athletico-PR, com dois gols de Edenilson, foi também um jogo marcado pelo bom desempenho de Carlos Palacios. No Beira-Rio desde março, o chileno fez diante dos paranaenses a sua melhor atuação com a camisa colorada, o que alimenta na torcida e dentro do clube a esperança de que ele possa confirmar nesta reta final desta temporada — e, principalmente, em 2022 — as expectativas criadas quando da sua contratação.
Em um início de gestão marcado pelo discurso de diminuição dos gastos, o Inter desembolsou 3 milhões de dólares (R$ 16,5 milhões na cotação da época) para tirar Palacios da Unión Española-CHI. A contratação foi traçada dentro de duas estratégias: de aposta em um jovem que possa render uma venda volumosa no futuro e outra de suprir uma carência do elenco dentro da ideia de futebol do técnico Miguel Ángel Ramírez.
Palacios ganhou oportunidades com Ramirez como atacante pelos lados do campo — atuou por dentro apenas no Gre-Nal que decidiu o Gauchão, na Arena —, mas não conseguiu empolgar em sua arrancada no Beira-Rio. A transição com a chegada de Diego Aguirre fez com que ele deixasse de estar entre as primeiras opções para o time titular. Internamente, a avaliação feita foi de que a dificuldade de adaptação fora do campo estava influenciando no desempenho do jogador, que passou a ter uma atenção especial da área social do clube.
Depois de morar sozinho em seus primeiros meses de Porto Alegre, Palacios ganhou a companhia da mãe, Jacqueline, e de dois sobrinhos, um de 13 e outro de oito anos. Eles vêm sendo acompanhados de perto pela coordenadora de Serviço Social do Inter, Patrícia Vasconcellos. O vice de futebol colorado Emílio Papaléo Zin explicou como tem sido o trabalho com o jogador e sua família.
— Há um esforço concentrado do clube, dos jogadores, da comissão técnica, da direção e da parte de assistência social. Foi feito um esforço para ele se sentir à vontade, se ambientar e ficar mais solto. É um trabalho que não dá resultado de uma hora para outra, mas que já estamos colhendo os grupos. Isso se estende aos familiares também. A Patrícia me disse um dia que a mãe do Palacios precisava de um tratamento dentário e eles não conheciam ninguém em Porto Alegre, não tinham referência. A Patrícia foi junto. A mãe não domina o idioma, não se sentia segura. São pequenas ações, muitas vezes invisíveis, que são fundamentais e colaboram para que o atleta se sinta bem. Os jogadores são seres humanos e precisam de tranquilidade para render em um ambiente de pressão como o do futebol — contou à Rádio Gaúcha.
Posicionamento em campo
Junto ao trabalho feito fora do campo para ajudar na adaptação de Palácios, os últimos jogos também tiveram uma mudança dentro das quatro linhas. Utilizado normalmente pelos lados do ataque tanto com Miguel Ramírez quanto com Diego Aguirre, o chileno foi escalado como meia central contra Juventude e Athletico-PR, fazendo a função que costuma ser de Taison no time titular.
Técnico de Palacios no começo da carreira na Unión Española, Fernando Díaz contou a Zero Hora que não considera a posição inicial como o mais importante para o bom rendimento de Palacios, mas que o jogador atua melhor quando ganha liberdade para circular pelo campo.
— Para o meu gosto, a melhor versão do Palacios é como um atacante ou meia livre. Pode jogar nessa função que está fazendo no Inter, por trás do 9, e se movimentar. Ele gosta de ter a bola. É um jogador que gosta de tocar na bola, de buscá-la dos volantes, de fazer um jogo coletivo desde trás criando superioridade porque tem um bom drible. É capaz de driblar adversários e gerar a superioridade para o seu time — afirmou.
Díaz foi técnico de Palacios de novembro de 2018 a agosto de 2019. Antes, porém, ele exercia o cargo de diretor esportivo da Unión Española e acompanhou a subida de Palacios para o elenco profissional.
— Carlos chegou à Unión, se destacou na base e rapidamente foi para o time principal. Também rapidamente chegou à seleção e acabou negociado para um grande clube do Brasil. Essas coisas precisam ser levadas em conta quando um jogador jovem chega a um outro país — completa Fernando Díaz, experiente treinador, de 59 anos, que tem no currículo passagens por clubes como Cobreloa e Antofagasta, no seu país, além de ter dirigido LDU e Universidad Católica no Equador. Em 2005, ele conduziu a Unión Española ao título chileno.
Para enfrentar o Cuiabá nesta quarta-feira (16), Diego Aguirre seguirá sem contar com Taison, lesionado, o que abre a possibilidade para Palacios fazer a terceira partida seguida como titular no Brasileirão. Mais uma chance para o chileno tentar mostrar que pode seguir entre os 11 mesmo quando o capitão voltar ao time.
Palacios no Brasileirão
- 14 jogos (3 como titular)
- 2 assistências
- 0 gol
Posicionamento e avaliação GZH nas partidas que jogou, pelo menos, 45 minutos
Inter 1 x 0 Juventude
- Entrou no intervalo
- 4-1-4-1: entrou aberto pela direita e depois foi para o lado esquerdo
- Cotação GZH: Deu nova vida ao ataque. Pareceu mais solto do que antes da Copa América. Nota 6,5
Inter 0 x 0 Cuiabá
- Titular: jogou 68 minutos
- 4-2-3-1: atuou aberto pela direita
- Cotação GZH: Era o jogador mais interessado do ataque. Sua substituição só é justificável em caso físico. Nota 5,5
Inter 1 x 1 Bragantino
- Entrou no intervalo
- 4-2-3-1: atuou pela esquerda
- Cotação GHZ: Desta vez teve 45 minutos, mas não se encontrou pela esquerda. Nota 5
Juventude 2 x 1 Inter – Brasileirão
- Titular: jogou 82 minutos
- 4-2-3-1: jogou como meia central
- Cotação GZH: Seu começo foi excelente, versátil, incisivo. Mas durou apenas parte do primeiro tempo. Desapareceu no segundo. Nota 5
Inter 2 x 1 Athletico-PR
- Titular: jogou 78 minutos
- 4-2-3-1: jogou como meia central
- Cotação GZH: Fez sua melhor partida com a camisa do Inter. Procurou sempre ser opção para os companheiros e deu belos passes, como para o primeiro gol de Edenilson. Poderia ter anotado outra assistência se Patrick não tivesse perdido um gol cara a cara com Santos. Nota 7,5