Conforme noticiou GZH, o Inter está interessado na contratação de Daniel Alves. Depois de rescindir seu contrato com o São Paulo, o jogador de 38 anos está livre no mercado e pode ser inscrito no Brasileirão até a próxima sexta-feira (24).
Para concluir esta difícil missão, além de vencer uma forte concorrência contra clubes como o Flamengo, a diretoria colorada precisa equacionar o lado financeiro sem prejudicar sua folha salarial. E dentro de campo, onde ele poderia se encaixar na equipe de Diego Aguirre?
Lateral ou ala-direito
Foi como um lateral extremamente ofensivo que Daniel Alves surgiu no Bahia no início dos anos 2000 e ganhou o mundo, passando por Barcelona, Juventus e PSG. Assim, também chegou à Seleção Brasileira, disputando duas Copas do Mundo (2010 e 2014) e conquistando a medalha de ouro nos últimos Jogos Olímpicos, em Tóquio.
Neste último trabalho, porém, o técnico André Jardine praticava o jogo de posição, tendo maior posse de bola do que seus adversários. Desta forma, o volante Douglas Luiz funcionava quase como um líbero para dar sustentação às subidas do experiente lateral.
No Beira-Rio, o modelo de jogo é outro, mais reativo. Ou seja, a primeira função dos laterais (Saravia e Heitor) é defender para, em seguida, apoiar em velocidade. Por isso, no Morumbi, o atleta só foi usado aberto quando o técnico Hernán Crespo armou o time no sistema 3-5-2.
— Com o Crespo, o São Paulo passou a jogar com três zagueiros e os corredores eram fundamentais. O time abria mais o campo. Até hoje, o Reinaldo (lateral-esquerdo) é o líder em assistências e o Daniel vinha logo atrás. Eles se transformavam em pontas, sendo construtores pelos lados do campo. Ele nunca chegava à linha de fundo, fazendo o lateral adversário correr atrás dele. Sempre carregava a bola para dentro para construir. Ele foi muito bem neste setor, evidentemente, tendo menos responsabilidade para marcar, com a presença de três zagueiros, mais o (volante) Luan, que lhe dava liberdade para avançar — analisa Ivan Drago, repórter e comentarista da Rádio Transamérica, de São Paulo.
Meia central
Não à toa, quando foi contratado pelo São Paulo, em agosto de 2019, Daniel Alves recebeu a camisa 10. Durante a última temporada, ele jogava centralizado no meio-campo, com a função de armar as jogadas ofensivas.
— Com Fernando Diniz, até pelas carências do elenco no meio-campo, era essencial que o Daniel fosse utilizado naquele setor. O São Paulo era um time que trabalhava bastante a bola, que não era veloz e não tinha uma transição rápida. Era um time bastante cadenciado que, através dos passes, tentava chegar ao campo do adversário. E ele fez ótimas partidas. É mentira dizer que o Daniel não contribuiu nada atuando no meio-campo — recorda Drago.
Se fosse ocupar a mesma zona na atual formatação da equipe colorada, que adota o sistema 4-2-3-1, o jogador disputaria posição com Taison, Mauricio e Boschilia.
Extrema-direito
Uma solução que poderia ser encontrada por Aguirre, caso Daniel Alves desembarcasse em Porto Alegre, seria encontrar um meio-termo entre a lateral e o meio-campo. Assim, ele poderia atuar aberto pelo lado, como um extrema-direito. Atualmente, como Aguirre tem escalado dois volantes à frente da área, Edenilson tem exercido esta função.
Nesta faixa do campo, Dani teria de fechar a linha intermediária de marcação quando o time estivesse se defendendo. E, a partir da retomada da bola, funcionaria como um articulador pelo corredor, se aproximando do meia e do atacante para combinar jogadas. De quebra, devolveria Edenilson à sua função de origem, como segundo volante.
Volante
Outra alternativa que poderia ser encontrada é posicionar Daniel Alves como uma espécie de “camisa 8”, ao lado de um volante de origem (Rodrigo Dourado ou Rodrigo Lindoso). Assim, o experiente jogador não teria de marcar as subidas do lateral adversário e, com a posse da bola, iniciaria a construção ofensiva da equipe.