O futebol do Inter está sob nova direção. Foi apresentado na quarta-feira (11) o novo vice-presidente, Emílio Papaléo Zin. Natural de Porto Alegre, aos 57 anos, 24 deles ligados diretamente ao clube, ele recebe a missão mais importante de sua história colorada. Sobrinho de Carlos Papaléo, histórico dirigente colorado (morto em 2006), Emilio comentou sobre essa relação com o clube na entrevista coletiva de apresentação. Mas garantiu que não pensa em outros desafios:
— Há um certo dogma de que quem passa pelo futebol se credencia a outros cargos no clube e é bom que isso esteja gravado para que fique claro que não tenho essa pretensão.
Emílio Papaléo substitui João Patrício Herrmann, que pediu dispensa do cargo na última semana, após pressões pela má campanha no Brasileirão e eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil. Com essa troca, houve também uma mudança política de impacto. A pasta mais importante fora do Conselho de Gestão passa do movimento Convergência Colorada para o Inove. Por mais que isso soe irrelevante à torcida em geral, internamente isso causa repercussão. Esses grupos, é claro, estavam na chapa vencedora da eleição.
Essa questão, sobre a força de movimentos ou de dirigentes políticos, de certa forma é contraditória com o que foi apresentado na campanha eleitoral. A promessa, à época, era a de que o vice de futebol teria um papel de menor relevância em relação ao que historicamente o cargo sempre representou, sendo a partir de então apenas uma ligação entre os profissionais do futebol e o Conselho de Gestão. Mas uma apresentação oficial (e até a troca de dirigente motivada por maus resultados) deixou claro que essa cultura, tão comum do futebol gaúcho, ainda permanece viva.
E até por isso, parte do discurso do novo vice foi voltado a pacificar o ambiente e pedir união de colorados. Falou em "deixar os movimentos políticos de lado" e blindar o vestiário. E sobre a contratação de um coordenador técnico, outro ponto de destaque durante a eleição, Papaléo esfriou, inclusive mencionando uma expressão que causou repercussão nas redes sociais:
— Não temos pressa. Entendemos que agora as coisas estão dando certo e como se diz: em time que está ganhando não se mexe.
Outro tema abordado foi a questão de reforços. Como era de se esperar, o dirigente despistou sobre a urgência de contratar. Fez elogios ao atual grupo e usou a vitória sobre o Flamengo para justificar a qualidade do grupo. Citou jogadores que estão voltando de lesão, mas garantiu que auxiliará o executivo Paulo Bracks a monitorar o mercado. Papaléo também não descartou eventuais negociações para saídas de ativos, como Yuri Alberto, que recebeu sondagens da Europa.
Enquanto permanecer aberta a janela de transferências, a especulação será constante. E o vice de futebol terá trabalho, ganhando ou perdendo, vendendo ou comprando, como manda a cultura do futebol gaúcho.
Quem é
- Nome: Emílio Papaléo Zin
- Idade: 57 anos
- Profissão: desembargador federal do trabalho
Trajetória no clube
- Conselheiro desde 1997
- Integrante do departamento jurídico na década de 1990
- Assessor de futebol em 2011