
Em um discurso escrito cautelosamente pelas áreas política e diplomática do governo, o presidente Lula emitiu, nesta terça-feira (13), sinais de aproximação com a China, acompanhados de críticas ao governo de Donald Trump. Mas, ao mesmo tempo em que amplia relações com o país de Xi Jinping, o governo brasileiro evita avançar em um tema delicado para a geopolítica: a adesão formal do país à Nova Rota da Seda.
O Belt and Road Initiative (Iniciativa Cinturão e Rota), que ficou conhecido como Nova Rota da Seda, é um projeto audacioso de infraestrutura que ampliaria o mercado global da Ásia, facilitando a conexão especialmente com a Europa, mas também com outras regiões.
Nas últimas vezes em que tratou do tema, Lula manteve a orientação diplomática de buscar "sinergias" com o projeto, sem uma adesão formal que poderia significar a outros aliados do mundo, como os Estados Unidos, um sinal de alinhamento automático a Pequim.
A prioridade do governo brasileiro é ter o apoio do governo chinês para o financiamento de programas de infraestrutura local, que eventualmente poderão ser ligados à nova rota.
No discurso desta terça, Lula elogiou a postura de Xi Jinping no comércio internacional e ressaltou que a relação entre Brasil e China "nunca foi tão necessária". A oposição do mandatário brasileiro também foi cuidadosa, sem citar Trump nominalmente e voltada às medidas protecionistas inéditas impostas pelo presidente republicano.
Nas últimas semanas, em conversas com empresários e deputados, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem dito reiteradamente que o Brasil manterá a tradição diplomática do diálogo durante a guerra comercial. Titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), ele conduz a maioria das negociações com a cúpula do governo Trump, bem como as relações comerciais com Pequim.
— Canja de galinha e cautela não fazem mal a ninguém — brincou Alckmin, no último evento em que tratou das taxações de Trump com a Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).