
O ex-policial militar Alexandre Camargo Abe está foragido após ter mandado de prisão expedido contra ele em 1º de maio. Abe foi condenado a 18 anos de prisão pelo homicídio duplamente qualificado de Tairone Silva, boxeador de 17 anos que era campeão brasileiro de sua categoria e considerado uma promessa do boxe gaúcho.
O crime ocorreu em Osório, no Litoral Norte, em março de 2011, quando Abe era policial militar. Segundo o delegado João Henrique Gomes, da Polícia Civil de Osório, foram tomadas providências para efetuar a prisão, ainda sem sucesso.
— A captura do foragido é apenas uma questão de tempo — afirma o delegado.
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP) na época, Tairone foi chamado por Abe enquanto passava em frente à casa dele, mas seguiu andando pela rua sem responder. O policial militar então passou a acompanhar o boxeador, sacou uma pistola e atirou duas vezes contra o adolescente, matando-o. Depois do crime, ele foi expulso da Brigada Militar e se tornou advogado.
O advogado Carlos Lisboa, que trabalha com a família de Tairone, afirma que trabalha para a ajudar a polícia na localização do foragido.
Já o advogado Rodrigo Grecellé, que representa o ex-PM, garante que o cliente vai se apresentar à polícia, porém, aguarda a decisão do juiz de transferências de Porto Alegre para se entregar. A defesa entrou com recurso para que Abe cumpra a pena em uma prisão militar, já que considera perigoso que um ex-policial cumpra pena em uma cadeia comum junto a membros de facções criminosas.
O homicídio
Segundo o Ministério Público, em 11 de março de 2011, o boxeador passava em frente à residência do PM, que morava na mesma rua, quando foi chamado por ele, porém seguiu caminhando. A denúncia do MP diz que Abe "passou a acompanhá-lo, na mesma direção pela calçada, e sacou da cintura uma pistola Taurus". Depois, atirou e atingiu o rapaz duas vezes.
Ainda conforme o MP, o motivo do crime seria a intolerância do réu com um grupo de jovens que se reunia com Tairone nas proximidades de sua casa. À época do julgamento do caso, em 2019, testemunhas alegaram que Abe havia reclamado disso várias vezes. A investigação apurou que o policial já havia proferido ameaças ao adolescente.
Para a promotoria, o assassinato também estava ligado ao "sentimento de inveja e frustração de não impor o bastante sua condição de policial à vítima, que tinha projeção nacional dentro do esporte que praticava". A promotoria também afirmou que "tais sentimentos teriam aflorado com o fato de a vítima não ter atendido seu chamado e, em represália, sentindo-se ultrajado e desprezado, efetuou os disparos fatais, impedindo qualquer espécie de reação".
Produção: Fernanda Axelrud