O Inter não vence em casa há incríveis 60 dias. Desde a semifinal do Gauchão, na goleada por 4 a 1 sobre o Juventude, em 8 de maio, a equipe colorada não ganha uma partida no Beira-Rio. Neste período, foram sete jogos em Porto Alegre, com três empates e quatro derrotas — 14% de aproveitamento. E, se não somar os três pontos na noite desta quarta-feira (7), contra o São Paulo, iguala a maior seca de todos os tempos no seu estádio — em 1983, ficou oito jogos sem vencer em casa (duas derrotas e seis empates).
Mas não há chance melhor para reverter o cenário negativo do que essa. O adversário está na zona de rebaixamento, com apenas cinco pontos somados em nove partidas, e também ostenta um péssimo retrospecto longe do Morumbi. Fora de casa, o time do técnico Hernán Crespo não ganha desde 25 de abril, quando fez 3 a 0 no Ituano pelo Estadual. Depois, foram 10 jogos, com sete empates e três derrotas. No Brasileirão, inclusive, o tricolor paulista ainda não venceu nem mesmo no seu estádio e vive um momento conturbado, na 17ª posição na tabela.
— É um São Paulo pressionado. É o pior início de campeonato do clube, o pior início de campanha em qualquer competição. A equipe tem problemas na questão física e, principalmente, na confiança. Teve uma reunião com o Crespo de três horas para realinhar a rota nesse mês de julho. A partir de agora, o jogo contra o Inter marca uma sequência decisiva para a comissão técnica. Na semana que vem, já começa o duelo contra o Racing pela Libertadores — relata José Edgar de Matos, setorista do São Paulo no portal ge.globo.
Para o Inter, a importância de vencer esse São Paulo vai além de espantar uma fase ruim. Vale como ânimo e uma situação mais confortável para enfrentar o rival Grêmio, sábado, na Arena. Isso porque, se ganhar nesta noite, vai a 13 pontos e pode terminar a rodada, na melhor nas hipóteses, na nona posição. Porém, se perder, começa a olhar a zona de rebaixamento mais próxima no retrovisor — e com confrontos diretos contra dois adversários que estão no Z-4 em sequência.
Para quem vivenciou uma sequência negativa como essa dentro de casa, a solução é manter a confiança no trabalho. Em 1983, o Inter conseguiu superar uma série de maus resultados no Beira-Rio pelo Gauchão para sagrar-se campeão estadual no fim da temporada. O goleiro Benítez, campeão brasileiro invicto com o clube em 1979 e que ainda estava no time nesta série sem vitórias em Porto Alegre, entende que a equipe está em evolução sob o comando de Diego Aguirre e tem tudo para dar a volta por cima nesta noite.
— É ruim empatar e perder tantos jogos em casa. É uma situação bem difícil, mas o Inter merecia ganhar alguns desses jogos. Isso faz parte do trabalho. Tem um novo treinador começando, muitas lesões, ainda falta entrosamento, mas o time está no caminho certo. Acho que se os jogadores tiverem confiança, acreditarem que dá para vencer, vão conseguir o resultado e embalar no campeonato — avalia.
Outro que estava naquele time de 1983 era o lateral-direito Luiz Carlos Winck, que também jogou com o técnico Diego Aguirre durante a sua passagem como atleta pelo Beira-Rio. Na avaliação do seu ex-companheiro e hoje técnico de futebol, o uruguaio precisa devolver ao grupo o espírito guerreiro e a vontade de vencer a qualquer custo dentro de casa.
— O Diego é muito meu amigo, um grande treinador. Mas essa responsabilidade também é dos jogadores, que precisam assumir esse protagonismo, especialmente os mais experientes. O time parece ansioso em campo. É preciso agredir mais no ataque, saber o que significa vestir a camisa do Inter, o peso que tem. Acho que o Aguirre vai conseguir colocar isso na equipe — destaca Winck.
A missão do treinador colorado é tentar devolver ao Inter a força do Beira-Rio. Mesmo sem a presença de torcedores, o estádio precisa voltar a ser o caldeirão que sempre foi.
Curiosamente, antes da série sem vencer, o time vinha de quatro goleadas em casa (Juventude, Olimpia, Deportivo Táchira e Esportivo). Os resultados lá de abril mostram que é possível dar a volta por cima. E que seja agora, antes de um Gre-Nal e do retorno da Libertadores para tumultuar o calendário.
Sequência negativa no Beira-Rio em 2021
1x2 Grêmio (Gauchão)
0x0 Always Ready-BOL (Libertadores)
2x2 Sport Recife (Brasileirão)
1x3 Vitória (Copa do Brasil)
0x1 Atlético-MG (Brasileirão)
1x1 Ceará (Brasileirão)
1x2 Palmeiras (Brasileirão)
- 7 jogos
- 3 empates
- 4 derrotas
- 6 gols marcados
- 11 gols sofridos
Maior sequência negativa no Beira-Rio, em 1983
0x0 Inter-SM (Gauchão)
0x1 Esportivo (Gauchão)
0x0 Caxias (Gauchão)
0x1 Brasil-Pel (Gauchão)
0x0 São Borja (Gauchão)
0x0 Grêmio Bagé (Gauchão)
1x1 Novo Hamburgo (Gauchão)
1x1 Grêmio (Gauchão)
- 8 jogos
- 6 empates
- 2 derrotas
- 2 gols marcados
- 4 gols sofridos
* Fonte: Marcos Bertoncello, plantão de Esportes da Rádio Gaúcha