Fernando Carvalho, o dirigente que levou o Inter aos maiores títulos da história, toma cuidado para que suas opiniões não sejam ouvidas como sugestões ou sentenças para a atual gestão colorada. Ainda assim, em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (15), o ex-presidente atribuiu o baixo rendimento da equipe sob comando de Miguel Ángel Ramírez ao pouco tempo disponível para treinos.
— No atual cenário brasileiro, este tipo de alteração é muito difícil porque temos um calendário praticamente insuportável — argumentou.
Ele opina que cada elenco reúne características específicas para funcionar determinados modelos de jogo. O do Colorado entre 2020 e 2021 talvez não fosse o ideal para o posicional de Ramírez, na visão de Carvalho. Além do estilo, outro fator diferencia os treinadores: a postura propositiva, de mais posse de bola e chegada ao ataque, ou a reativa. O caminho ideal, segundo o ex-dirigente, é a alternância entre esses dois extremos.
— Lisca é um estrategista, joga de acordo com o que tem no elenco e no time adversário. Como é o Tite e o Klopp. Se tiver uma equipe superior, vai jogar atacando, se for inferior ao oponente, vai se defender. Sabe propor se tiver elementos para tanto. Aí temos de avaliar se o Inter tem estes elementos ou não — comentou Carvalho.
Perguntado sobre os três nomes até agora especulados no Inter, Carvalho preferiu não sugerir nenhum nem compará-los entre si. Por melhores que sejam as ideias ou formação do técnico a ser contratado, é importante que o novo comandante do vestiário colorado entenda a cultura do país e as pressões que envolvem o time na metade do ano que não contou com pré-temporada:
— Não tenho nada contra os estrangeiros, pelo contrário. Acho que Jorge Jesus, Abel Ferreira, e até o Eduardo Coudet fizeram bons trabalhos aqui. Mas, para o meio de temporada… Acho que a diretoria vai ter este cuidado.
A demissão do técnico Ramírez, convicção da gestão Barcellos desde antes da eleição, despertou empatia em Carvalho. O ex-dirigente reforçou seu desejo de ver o Inter produzindo e ganhando mais, se solidarizou com o momento difícil pelo qual a ainda iniciante gestão passa, e manifestou sua torcida por uma retomada ainda este ano:
— Não é privilégio deles. Eu tive várias noites de sono perdidas por passar pela mesma coisa. Acontece com todas gestões. Tomara que consigam sair dessa. Seja com Aguirre, Lisca, ou o próprio Osmar Loss. Que todos tenham cabeça fria para tomar a melhor decisão.