O empate com o América-MG terminou de forma inusitada para Edenilson. Após Daniel sofrer uma bolada no rosto e apresentar sinais de tontura e visão turva, e como a equipe já havia sofrido as cinco substituições permitidas, o volante não teve dúvidas: calçou as luvas e foi para baixo das traves.
Porém, esta não foi a primeira vez que um jogador de linha do Inter teve de ser improvisado como goleiro de forma emergencial. GZH consultou historiadores, entre eles o professor Raul Pons e uma outra fonte que preferiu não ser identificada. Ambos apresentaram um histórico de personagens, como Osvaldo Brandão (ex-técnico da Seleção Brasileira) e o zagueiro chileno Figueroa, que passaram pela mesma situação vivida pelo camisa 8 colorado neste domingo (27).
Osvaldo Brandão
Antes de fazer sucesso no futebol paulista, comandando Corinthians e Palmeiras, e chegar ao comando da Seleção Brasileira em três oportunidades, Brandão foi volante do Inter entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1940, fazendo parte do início da equipe que ficou conhecida pelo apelido "Rolo Compressor". Foi neste cenário que, em setembro de 1941, o jogador se viu obrigado a assumir o gol colorado.
O Inter vencia o Força e Luz por 1 a 0, no Estádio dos Eucaliptos, pelo Campeonato Citadino. No momento do gol de empate dos visitantes, porém, o goleiro Júlio Petersen se chocou com o rosto na trave e teve de ser atendido fora do campo. O cronômetro marcava 33 minutos do primeiro tempo. Brandão não apenas impediu a virada do rival como contribuiu para que os colorados vencessem por 3 a 1.
Florindo
O zagueiro defendeu o "Rolinho", como era chamado o time do Inter na década de 1950. Com a camisa colorada, conquistou quatro títulos citadinos e gaúchos. E, na campanha desta última conquista, aventurou-se embaixo das traves também.
Em amistoso contra o Renner, em janeiro de 1955, no Estádio Tiradentes, o goleiro Milton sofreu uma lesão muscular na reta final da partida. Florindo, então, o substituiu. Embora tenha passado ileso, sem ter sofrido gols, seu time acabou derrotado por 2 a 0 naquele confronto.
Figueroa
Dois anos antes de marcar o gol do título brasileiro de 1975, o zagueiro chileno também viveu a experiência de atuar como goleiro do Inter. Em duelo contra o Moto Club, em São Luiz, no Maranhão, pelo Brasileirão de 1973, o Colorado vencia por 2 a 0 quando o goleiro Rafael foi expulso. Como o técnico Dino Sani já havia feito as duas modificações, Figueroa trocou de camisa e atuou os minutos finais improvisado na função. Assim como os dois casos anteriores, deixou o campo sem sofrer gols.
Gérson
O atacante escreveu seu nome na história do Inter ao ser peça fundamental na campanha do título da Copa do Brasil de 1992, terminando o torneio como artilheiro, com nove gols. Além disso, viveu uma noite inusitada no duelo contra o Muniz Freire, pela partida de volta da primeira fase da competição.
Autor de dois gols na goleada de 5 a 0 no Beira-Rio, Gérson ainda substituiu o goleiro Roberto "Gato" Fernández, expulso nos minutos finais contra a equipe capixaba.
Rafael Moura
Curiosamente, um outro centroavante teve de ir para baixo das traves em 2014, mas o placar elástico foi em favor do adversário. Em duelo válido pelo Brasileirão, o Inter já perdia por 4 a 0 para a Chapecoense, na Arena Condá, quando Dida cometeu um pênalti aos 40 minutos do segundo tempo, recebendo o cartão vermelho. Coube a Rafael Moura a missão de vestir a camisa do goleiro. Entretanto, "He-Man" não teve forças para evitar o gol anotado pelo meia Camilo, que fechou a conta em favor dos catarinenses: 5 a 0.