A relação entre Inter e Paolo Guerrero parece ter chegado ao fim. Contratado pelo time gaúcho em agosto de 2018, logo após disputar a Copa do Mundo da Rússia e ainda envolvido no processo de suspensão imposta pela Fifa em virtude de um caso positivo de doping em jogo da seleção peruana contra a Argentina, pelas Eliminatórias, o jogador pediu publicamente sua rescisão de contrato através de nota emitida por seu representante.
Sair de forma polêmica de um clube não seria novidade na carreira do peruano. Episódios semelhantes aconteceram, por exemplo, quando deixou Corinthians e Flamengo.
1) Corinthians
Guerrero chegou ao Corinthians em julho de 2012, depois de o clube paulista bancar 3 milhões de euros para tirá-lo do Hamburgo, da Alemanha. Viveu no clube paulista o grande momento da carreira, com o gol na final do Mundial de Clubes, diante do Chelsea.
A saída, contudo, foi polêmica e se deu em função de um desacordo na hora de tratar da renovação de seu contrato. Em maio de 2015, o Corinthians divulgou um comunicado anunciando a rescisão com o jogador.
Na oportunidade, o gerente de futebol corintiano, Edu Gaspar, falou sobre as razões para a saída do peruano:
— O Roberto de Andrade (presidente) recebeu uma ligação do agente do atleta, explicando o desconforto que ele está vivendo dentro do clube. E aí veio o pedido de liberação. Logo após a ligação, o presidente veio ao CT, esteve comigo, Tite e comissão técnica. Expôs o problema. Achamos conveniente liberar o atleta, porque queremos todos 100% envolvidos aqui e com a cabeça aqui. Queremos todos os atletas aqui de corpo e alma.
Quando enfrentou o time paulista pelo Inter, em novembro de 2019, o camisa 9 comentou a saída de Itaquera e a rejeição que passou a sofrer por parte da torcida.
— Como vou me arrepender? Claro que não. Tem que buscar o melhor, e nessa época o Corinthians não me via como algo importante. Fui para outro time, que me via como importante. Não me arrependo disso — disse Guerrero, na zona mista da Arena Corinthians.
Sem acordo com o Corinthians, o destino foi o Rio de Janeiro. Guerrero seria o símbolo de um novo Flamengo, que depois de anos com problemas financeiros finalmente começava a dar os primeiros passos para voltar a ser protagonista no cenário nacional.
2) Flamengo
A chegada ao Rio aconteceu dois dias depois da rescisão com o Corinthians. O atacante assinou por três anos com o time carioca, com salários de R$ 500 mil mensais, além de um valor próximo a R$ 12 milhões de luvas, que seria diluído a longo do contrato.
Em novembro de 2017, aconteceu o caso do doping, a suspensão preventiva e a posterior condenação pela Fifa a um ano de suspensão. O jogador cumpriu seis meses até conseguir a liminar que o permitiria jogar na Copa de 2018. Neste período, cumprindo recomendação jurídica, o Flamengo suspendeu o contrato do jogador e não realizou pagamentos dos salários.
Liberado, ele disputou a Copa e ainda fez mais quatro jogos pelo Flamengo até ter constatada uma lesão na coxa esquerda, em agosto de 2018. Ao mesmo tempo, a sua renovação de contrato era discutida, e os cariocas ofereceram mais um ano de contrato. O jogador, então com 35 anos, bateu o pé no desejo por um contrato de três anos, sem redução salarial, e ainda pediu o pagamento retroativo do período em que teve seu vínculo suspenso pelo clube.
Sem acordo, ele deixou a Gávea e foi anunciado pelo Inter, onde agora o cenário de renovação de contrato volta a ocorrer.
A história de Guerrero no Inter
No clube gaúcho, antes de estrear em abril de 2019, ainda teve de cumprir oito meses restantes da pena, já que a liminar que o permitiu disputar a Copa foi revogada pela Justiça da Suíça apenas uma semana depois de seu anúncio pelo Inter.
Desde então, Paolo Guerrero vestiu vermelho em 61 oportunidades e balançou as redes 31 vezes. Seu melhor momento foi a primeira temporada, com 20 gols em 41 jogos, mas as derrotas nas quartas de final da Libertadores para o Flamengo e na decisão da Copa do Brasil para o Athletico-PR frustraram as expectativas depositadas no peruano, que passou em branco nestes jogos decisivos, assim como nos três clássicos contra o Grêmio naquele ano.
Em 2020, ano em que a pandemia afetou o mundo, Guerrero teve um bom começo e marcou 10 vezes em 15 atuações. Porém, uma séria lesão no ligamento cruzado do joelho direito, sofrida logo no começo do Brasileirão, em jogo diante do Fluminense, o deixou afastado dos gramados por exatos sete meses. Até o retorno, em março deste ano, contra o Ypiranga. Ele ainda voltou a jogar mais quatro vezes — duas delas como titular — e marcou aquele que pode ter sido seu último gol com a camisa colorada, diante do Aimoré.
Após este jogo, o atacante de 37 anos não foi mais relacionado pelo técnico Miguel Ángel Ramírez, e o clube informou que ele realiza tratamento para um edema no joelho direito — o mesmo operado em 2020.
Durante a recuperação, em outubro passado, Guerrero trocou de representantes. Saiu a OTB, agência que respondia por seus interesses, e entrou a Prattes Group, do empresário Vinicius Prates.
O contrato do atacante com o Inter é válido até o final de 2021, e a renovação ainda não havia sido discutida entre as partes. Possivelmente não será mais, especialmente após a nota divulgada pelo empresário do atleta, Vinícius Prates, que afirma que "ambos (empresário e atleta) entendem que existe uma falta de respeito dos dirigentes com o jogador, que sempre foi profissional e dedicado ao clube" e que " as recentes manifestações do estafe do jogador não falam e não são por conta de uma renovação, mas por conta das manifestações do clube, onde colocam em dúvida a permanência do jogador".