A classificação veio, o primeiro lugar também. Mas o Inter sai da primeira fase da Libertadores devendo atuações consistentes. Contra o Always Ready, lanterna do Grupo B, o time não saiu do 0 a 0, em casa, e só ficou na liderança porque o Olimpia ganhou do Táchira. Foram 10 pontos de 18 possíveis em uma chave considerada fácil quando fora sorteada.
O Inter termina a primeira etapa da competição sem ter marcado nem um gol sequer contra os bolivianos e somado apenas um ponto em seis. Verdade que houve domínio, com posse de bola superior a 75% do tempo, criação de oportunidades (foram 20 conclusões nos 90 minutos), mas a falta de perícia dos atacantes e uma certa morosidade deixaram torcedores insatisfeitos tanto nas redes sociais quanto nos canais de interatividade disponíveis.
— Nos jogos anteriores, fizemos seis e quatro. Tem dias que criamos as mesmas chances e não entra. O importante era fazer o primeiro gol, que mudaria tudo. Always estava a um gol de se classificar e não tentou. Mas não fizemos e acabou ficando assim. O resultado é mentiroso em futebol. Às vezes você cria chances e não faz, mas joga bem. Às vezes é o contrário — disse o técnico Miguel Ángel Ramírez.
Taison foi na mesma linha do treinador. O capitão da equipe, que primeiro atuou como meia centralizado e depois foi deslocado para a ponta esquerda, mencionou uma retranca dos adversários para justificar o empate:
— É difícil jogar contra 10 atrás, a equipe deles veio para empatar. Tivemos chances no começo, mas não fizemos. Tentamos, tentamos, mas não conseguimos o gol.
A troca de Lindoso por Edenilson na função e depois para o ingresso de Dourado foi justificada pelos cartões. Lindoso havia recebido amarelo e corria risco de expulsão e Edenilson estava pendurado. Por isso, Dourado entrou no final, mesmo quando o Inter só empatava e precisava correr atrás do resultado para diminuir o constrangimento da atuação.
Como resultado final, a liderança era o objetivo e isso foi atingido, mas ficou nítido que o time ficou abaixo do que se esperava. Tanto que o teor das perguntas na entrevista coletiva foi em cima do desempenho. Miguel Ángel Ramírez e Marcelo Lomba, porém, entendem que há crescimento no trabalho.
— Precisamos melhorar um detalhe, porque a evolução tem sido bem grande. O controle foi total, muito maior do que nas partidas em que goleamos. Mas essas partidas me dão claros sinais de que estamos melhorando — insistiu o treinador.
O goleiro foi na mesma linha:
— Tudo requer tempo, noto algumas melhorias. Talvez se tivéssemos feito algum dos gols que criamos não teríamos de responder isso. Sou um dos mais entusiasmados com o trabalho, tenho aprendido dia após dia. Mas hoje não fomos bem, a bola não entrou. Estamos evoluindo.
A mudança tática proposta pelo treinador, de colocar dois atacantes, dava bons sinais nos minutos iniciais. Mas depois Ramírez devolveu ao time o sistema com ponta esquerda, ponta direita e centroavante. Ramírez justificou que a mudança se deu para tentar romper a defesa do adversário, o que não funcionou, apesar de ter mantido o controle da bola, de fato.
A Libertadores, agora, dá um tempo. Haverá Eliminatórias e Copa América, o que fará a competição continental retornar apenas em julho. No final de semana, diante do Sport, o Inter estreia no Brasileirão. O jogo será às 20h30min de domingo, no Beira-Rio. Depois, a delegação viaja a Salvador, onde enfrentará o Vitória pela Copa do Brasil.
— O Inter fez o que tinha que fazer, era se classificar em primeiro no grupo. Agora começa outra coisa. Vai ter o Brasileiro, a Copa do Brasil e terá muitos dias até começar as quartas de final. Muitas coisas vão mudar até lá — finalizou o treinador.